quinta-feira, 16 de maio de 2013
Nascem mães
Em 100 anos mudaram muito os nossos papéis. De donas de casa e submissas esposas, passamos a arrimo de família, mães solteiras, altas executivas, presidentes da república.
Mudaram nossa cabeça e nosso corpo. As antes tão infantis meninas de 12 anos, hoje já são mulheres cheias de curvas e desejos. As balzaquianas nunca foram tão cobiçadas. A juventude agora dura mais.
A maternidade, antes natural aos 18, hoje vai para o fim da fila das prioridades. Antes vem os estudos, a carreira, a casa própria, o carro do ano, a utopia da estabilidade. Tornamo-nos mães tardias.
Conquistamos o direito de sermos "mães loucas". Mães sufocadas entre os papéis de mãe, amante, dona de casa, alta executiva e amante. Cabeça em planilhas de excell, mãos de fada para bolos e quitutes, peitos fartos de leite, lingerie sensual. Onde se encontra a magia de desempenhar bem tantos papéis??
Só uma mulher seria capaz de tanto. Só nós nascemos programadas para a total abnegação em função do outro.
Em pleno sécuo XXI, sufocada entre papéis impostos, planilhas e Cinquenta Tons de Cinza, ainda cultivamos o desejo e a alegria da maternidade, com todos os ônus que ela traz.
Nasce mais uma mãe...
Eu a vi nascer. A lembrança que guardo do dia do seu nascimento é uma cena na calçada da casa materna. Uma perua escolar vinha buscar a outra irmã. Uma perua azul. A mãe, sempre presente, estava ausente naquele dia. Tinha ido buscar mais uma menina para nos.
Nao lembro o que senti. Não sei se tinha ideia da dimensão que aquilo tinha. Ela veio muito pequenininha, não lembro se enrolada em xale ou manta. Deste tempo sobrou muito pouca lembrança. Nem todas boas. Ainda bem pequena, ficou muito doente, dizem que quase morreu. Sempre ouço contarem histórias sobre lábios e unhas roxas e alguns dias em uma UTI. Sempre achei isso bem sério. Lembro de uma vela acesa aos pés de um santo ao lado da porta da entrada e lembro do choro da minha mãe.
Não sei se por esse fato, não sei se pelo fato de ter tido ombro de irmãs mais velhas, mas Carina sempre foi forte. Forte e independente. De tão independente, muitas vezes se fez distante.
Dela agora eles vão chegar. Gêmeos. Os únicos gêmeos na família. Devem vir Arthur e Isadora. Já tão especiais desde antes de chegarem. Tão esperados, de certa forma, até temidos.
Carina é uma mãe linda. Ela iluminou. A barriga giganté é incômoda, os pés incham, as costas dóem, mas Carina é só sorrisos, é só felicidade.
Eu observo, olhos enchem de lágrimas. Transborda emoção.
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