segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


há pouco éramos poucos. éramos menos. alguns poucos e nem tão felizes. não chegávamos a ser tristes. acho que tristes nunca fomos. mas felizes? tenho minhas dúvidas.
éramos poucos e uma triste árvore de natal.
éramos mais espaços. éramos falta de outros. sentíamos falta de uma roda onde, na realidade, nunca fizemos falta alguma.
éramos alguns silêncios. éramos vários segredos. algumas mágoas e muita saudade.não éramos plenos.
sobravam frutas na mesa decorada com a antiga toalha vermelha. sobrava massa do bolinho. éramos poucos pacotes sob a grande árvore. éramos desejo de mais risadas, de mais castanhas, de mais restos de papel pela casa. sobravam horas na nossa festa.
o tempo nos trouxe harmonia de presente. nos trouxe um saco de paz. um pacote gigante de novas gargalhadas. o tempo nos presenteou com novas vidas. mágica pura.
hoje somos harmonia, perfeita harmonia. uma paz que faz barulho, paz que gargalha, que tira sarro da vida. hoje temos menos espaços. precisamos menos de outros. hoje somos nós. fazemos nós mesmos nossa roda. aprendemos a brincar sozinhos.
hoje somos nossa própria história, e temos nós tantas histórias. somos nossos próprios elos. nossos próprios filhos. hoje somos plenos de nós, nada nos falta. hoje já não sobramos em canto algum. somos prioridade para nós mesmos.
hoje somos muitos. somos muitos a espera de mais alguns. mais vidas. mais risadas. mais alegria.
hoje somos nós.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O tempo passa...

O tempo passa. Sábia constatação. Passa rápido. Por cima da gente, inclusive, se a gente não ficar esperto. Atropela sonhos, expectativas, esperanças, saudades, distâncias. Ele passa. Passa e leva no vácuo algumas certezas. Leva lembranças. Deixa um gosto esquisito de esquecimento.
O tempo passa. Há pouco que se possa fazer. Ele deixa marcas nas paredes, ao redor dos olhos, nas páginas amarelas, nos furos das roupas, na nata do leite.
Tenho pensado muito nisso. No tempo que passa. Eu passando com o tempo. O tempo que é tão pouco para algumas pessoas. O tempo que nos afasta. O tempo que rouba a intensidade daquele primeiro momento. Um tempo tão pequeno para um primeiro momento.
O tempo que seca a roupa na corda do varal. O tempo da música. Do beijo. Do adeus. Do esquecimento. O tempo da amiga que se foi. O tempo que não cura tudo.
Será o tempo que me assusta ou será a falta dele?
O tempo que passa e eu que não faço nada com ele. O tempo que encolhe e me assusta. Meus sonhos já não cabem dentro do tempo que tenho. Meus sonhos não encolheram com o tempo. Ilusão. Ilusão ficou grande demais para o tempo que já não tenho. Passou.