segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

assistindo a algumas pessoas assistirem a um show?


como muitos da minha geração, ouvi Phill Collins a vida toda. sempre achei que ele tinha cara de gente boa. de um cidadão comum que poderia, facilmente, morar no meu condomínio.
não acompanho de perto agendas de shows, mas não lembro de ele ter vindo antes fazer show em São Paulo. quando soube deste, manifestei vontade de ir. meio que só para marcar no check-list de coisas para fazer antes de morrer.

cheguei. sentei. um palco distante. um show de entrada. várias moças da minha idade (que sempre acho que mais velha) felizes, dançantes, loiras e tirando selfies. ando intolerante. muito intolerante.
o valor dos dois ingressos se aproxima do custo de um salário mínimo. vocês, aqui, sabem que minha vida não é fácil e que fortes vendavais aterrorizam no horizonte.

o que eu estava fazendo ali?

muitos efeitos especiais (talvez um pouco demais). ele cantou (ok!). músicos tocaram (!). a platéia cantou, dançou e, sobretudo, tirou muitas selfies para postar no facebook.

eu chorei, mas não sei se foi de emoção.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

um dia ela nasce, no outro, ela vai embora


nunca fui modelo de apego de mãe. quem me conhece sabe disso.
não sabia bem o que fazer com você (nem comigo) quando você nasceu. não sabia ser mãe, ninguém me ensinou. não estava preparada para crescer e assumir um papel tão importante. antes já haviam me dito que eu fugia de grandes responsabilidades. este fato só colaborou para provar isso.

você foi crescendo, apesar de pouco, cresceu. eu vivendo, trabalhando, sem ter muito tempo para prestar atenção nas suas birras e independências. hoje, você me surpreende. é mulher forte. 1,50 cheio de opiniões e ideias. realista. surpreendente e linda!

em uma foto bem sem graça, você está meio desenchavida de uniforme escolar indo para seu primeiro dia de aula em uma grande escola (média talvez). a maria chiquinha meio torta de mãe que não tem tempo. all star vermelho que depois seria sua paixão para sempre. uma parede branca atrás. parede brande de uma casa que ficou para trás, fechada e cheia de tristes histórias. você, de saia azul marinho protocolar, em frente da parede branca.

milênios se passaram depois desta foto, depois desta parede.
nesta semana, você caminhou sozinha para a maturidade. psicologia por escolha própria. a minha seria arquitetura, mas você teimou que não enfrentaria a bendita matemática. resignada, aceitei.

aí está você entrando. um portão grande e você pequena. não veja sua mão, mas veja sua cabeça erguida. não pior que ninguém. menos medo que eu (certamente). passos cuidadosos (sempre foram os seus). firme.

você talvez nunca saberá o orgulho que tenho de você. ou sabe e eu que não sei?

te amo. vou ficar aqui te olhando entrar pelo portão...sempre!