quarta-feira, 30 de maio de 2007

ACRIDOCE



Na cidade, frio. Dentro de mim também.

À noite, Clarice me faz companhia.

Ilumina minha tristeza com a luz do seu saber.

Cada folha virda de "Aprendendo a Viver"

me aproxima mais de Clarice.

Clarice com sua simplicidade complicada.

Clarice sempre terá o sabor "acridoce" deste estranho filme.

Inverno, Insônia, Insegurança...Olhos tristes.

Hoje sou a tartaruga de Clarice:

sem casco nem cabeça, arfando dentro da geladeira.

Ontém virei a última página do meu primeiro caso de amor com Clarice: "Aprendendo a Viver" - agora ela também é um pouco minha (pode morrer de ciúme) e eu sou um pouco dela.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Homenagem à "Laura Braga"







..."quando te encontro pega fogo"...
..."no local de sempre"...
..."também estava pensando em você"...
...palavras escritas, registradas para serem lidas...
Olhos cheios de lágrimas e boca seca. Gelo em cada célula viva do meu corpo imóvel.
Agora nada dói, mas vai doer quando o susto passar.
De onde você saiu "Laura Braga"? Qual sua história?
Que caminho você percorreu para chegar até aqui (ou lá)?
Suas verdades vêem à tona. Continuam verdades?
Até os detalhes mais simples são questionados.
A administradora analisa o fato com critério...por uma longa, interminável noite...
fixa o olhar naquelas palavras, como quem analisa os riscos de uma operação.
A mulher, pela primeira vez na vida, não sabe o que fazer, o que falar, o que sentir.
A tormenta me joga de um lado para o outro.
Altas ondas me empurram para o fundo.
Ainda tenho forças para voltar à tona....por quanto tempo?
Odeio fantasia de vítima. Odeio olhar caído. Suspiros e lamentações.
Penso na minha própria história e revejo meus "certos" e "errados"...
Ninguém merece sofrer assim!
Agora vou agir como agiria uma esposa do século passado:
FECHAR OS OLHOS ... E TOCAR O BARCO"
Esse post acaba aqui...não consigo escrever de olhos fechados.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

ORGANOGRAMA

Caixinhas, traços, níveis, assessores, subordinados. Estrutura horizontal ou verticalizada. Gestão democrática. Talentos pessoais ou viabilidade econômica. Mais nomes que caixinhas. Marujos agarrados aos mastros. Homem ao mar. Planilhas. Planos de cargos e salários. Pessoas, famílias, sonhos...

Novamente...eu e mais uma FUSÃO. Olhares buscando no meu respostas que eu não tenho. Vidas por trás de crachás. Histórias e sonhos que não cabem nas "caixinhas".

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Reunidos?

Reunidos em volta da mesa da cozinha de azulejos cor de laranja. Entre um e outro, abismos. Escondidos pela névoa inebriante da constante euforia que nos cega, segredos...muitos segredos. Calados por risos automáticos, lágrimas...muitas lágrimas. E vamos ficando nós todos...sorrindo cenograficamente!

sábado, 5 de maio de 2007

Reticências...


"Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O termo no plural Reticências refere-se, na escrita, à sequência de três pontos (sinal gráfico:...) no final, no início ou no meio de uma frase. A utilização deste género de pontuação indica um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite, por parte de quem exprime esse conteúdo, reticência, omissão de algo que podia ser escrito, mas que não o é."
Mariah escreve como fala. Fala como escreve. Tanto faz. Fato: usa muitas, muitas, muitas reticências. Na última noite Mariah não dormiu. Entre outros, esse foi um de seus pensamentos...
Aqui, Mariah não mente nunca. Nem para ela mesma. Vem daí a tranqüilidade com que se despe do falso manto intelectual, expôe seus "porquês"...e "não saberes". Quase ninguém a lê...e entre os que lê, "quase" ninguém a conhece.
Mariah vai dexando pensamentos, idéias, comentários...cursos, amores, livros, desenhos e bordados por terminar. Uma vida pontuada por reticências...Suas sentenças quase nunca têm ponto final. Exclamação, jamais! Seria conclusivo demais...responsabilidade demais. Talvez a única concorrência que a reticência sofra na vida de Mariah, seja da interrogação.
Mariah tem dúvidas. Faltam algumas respotas e algumas das respostas não convencem. O cansaço de tantas perguntas sem resposta, acabou por acomodar Mariah numa vida de reticências.

Mariah foge de responsabilidades (como dizia querido amigo W)...mas elas sempre são mais rápidas. Toma decisões o dia todo...Se a platéia pudessem enxergar por baixo do seu terninho preto básico, veria muitas reticências... ... ...

Harmonia




"Não se precipite. Pense muito bem antes de falar em separação.


Muitos se casam sem saber que o casamento não é só a junção de duas pessoas sob um mesmo teto, mas a construção de uma nova vida, a dois, e que isso pode significar a necessidade de abrir mão de hábitos e projetos individuais. Tal demanda às vezes causa frustrações e brigas. Quem não tem força para superá-las e evoluir acaba fugindo do jogo antes de conhecer suas regras.



Nas últimas décadas, temos testemunhado uma espécie de banalização da experiência conjugal. É cada vez maior o número de casamentos que são rapidamente desfeitos. Sem muito pensar, os parceiros dizem: "Vamos nos separar". Na verdade é como se estivessem dizendo: "Assim não brinco mais!" E acabam se separando mesmo, sem refletir sobre as causas da insatisfação. Acontece que um casamento não é uma brincadeira e não se pode simplesmente botar a bola embaixo do braço e sair de campo. Ou, pelo menos, não parece sensato fazer isso de forma irrefletida, uma vez que a união foi desejada. Numa perspectiva sensata e adulta, a questão que se coloca é: no que está pensando um casal (ou uma de suas partes) quando diz que quer separar-se? O que se esconde por trás desse "não brinco mais?". Talvez a intenção seja preservar as individualidades, engolidas pelos papéis associados ao casamento. Talvez a proposta radical só mascare um protesto, uma queixa, ou expresse desejos pessoais, demandas que não requerem, de modo algum, rompimento.
Construir um casamento não é tarefa fácil. Exige a revisão de valores e a renúncia a expectativas, hábitos, crenças, projetos, desejos e até esperanças. Isso não significa que essas dimensões serão levadas à extinção, tampouco que uma parte deva se anular diante das necessidades e demandas da outra. Mas significa que a união conjugal é um ponto zero a partir do qual se estabelecem novos costumes, intentos, planos e ideais de felicidade. Para empregar um jargão psicológico, o casamento não é a soma de duas individualidades, mas um terceiro fenômeno, que transcende, supera e se diferencia da mera colagem dessas individualidades, para alcançar um feito novo: a vida a dois. Vida a dois é diferente da vida de uma mais um, mas muitas pessoas entram no casamento movidas pela ingênua crença de que apenas somarão duas peculiaridades. Ou casam-se apoiadas na suposição de que o casamento é a preservação de um - um só - acrescido de um apêndice, uma espécie de upgrade. Adquire-se um marido ou uma esposa como se compra uma coisa utilitária qualquer, que deverá simplesmente se ajustar àquilo que já está pronto, ou seja: a própria indivualidade, o próprio modo de ser, os próprios hábitos e valores.
O tal "não brinco mais", mascarado de "quero me separar", em geral expressa o ressentimento pela vivência da perda de uma condição idealizada, em que o parceiro é almejado como um adereço, sem que se tenha de renunciar a nada, sacrificar nada, aprender nada e, não menos importante, sem que a pessoa se disponha a evoluir. A experiência dessa perda é, de fato, penosa. Poucas pessoas se preparam para vivê-la, por não compreenderem o significado do casamento. Imaginam uma coisa e, quando chegam lá, é outra.
No entanto, é bom advertir: todos os casais passam por frustrações e decepções, além de experimentarem enorme demanda por transformações pessoais. Todos, não apenas aqueles que chegam à separação. A frustração é inerente à empreitada conjugal - e sem ela não existem crescimento, evolução e transformação.
Bem sucedidos são os casamentos que sobrevivem à perda da imagem idealizada de que uma união é feita somente de harmonia.
Sejamos otimistas, porém também sensatos: basta que os pretendentes saibam que a tão desejada harmonia é um ponto ao qual se chega, que se constrói, raramente se apresentando como um ponto de partida. Mesmo quando presente desde o início, a harmonia há de ser descontruída em favor da edificação de uma configuração melhor e mais madura.
Na mitologia grega, Harmonia é filha de Afrodite e de Ares, ou seja, resulta do encontro do amor com a guerra. Se quisermos ser dispensados da segunda, dificilmente teremos conhecido a fundo a primeira."


*Alberto Lima, psicoterapeuta de orientação junguiana, é professor-doutor em Psicologia Clínica e autor de O Pai e a Psique (Editora Paulus).


Dia desses, amiga minha, após 4 meses de casada, me liga falando em separação. Em seguida, na sala de espera do dentista li este texto, recortei, mandei para ela. Que ela seja feliz! E eu também!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Pendurando os quadros



Páginas amareladas de jornais antigos. Folhas rasgadas despindo um passado recente. Momentos aprisionados em pacotes lacrados com fita crepe. Datas históricas. Retratos antigos, cavalos em corrida, casinhas coloridas, canais, desenhos em carvão e pastel...molduras envelhecidas, pontos de mofo, vidros anti-reflexo. Os últimos pacotes remanescentes de uma época. Últimas folhas de um capítulo desta vida. Últimos fósseis de uma era vivida. Um desafio a mim mesma, assim como desligar o telefone que me ligava ao passado. Protesto contra a demasiada importância que ainda dou àquele episódio. Protesto contra sonhos que insistem em se repetir. Protesto contra sabotagens do meu subconsciente. Um herói imortalizado pela história. Agora você deixa de ser Saudade para se tornar Lembrança.
"Eu juro não que sempre te amarei, mas que sempre permanecerei fiel a esse amor que vivemos"