sábado, 30 de janeiro de 2010
pra mim, o mais difícil sempre é o COMEÇAR.
é difícil começar uma idéia, elaborá-la, buscar outras idéias para que se juntem a original. difícil também é começar a mudar de idéia. quando você já tem aquela idéia prontinha, certinha, bonitinha (com a sua cara) e de repente, se vê obrigado a pensar tudo de novo. pensar uma idéia nova de novo, juntar com outras...buscar seus argumentos, suas verdades...suas defesas.
é difícil começar um curso novo. você não sabe onde vai estacionar o carro, nem que caminho irá fazer, onde vai se sentar, quem sentará ao seu lado, quem será o professor e o que ele irá mudar em sua vida! é difícil começar a encarar um assunto novo e se deparar com toda sua ignorância. é difícil descobrir mais uma ignorância.
é difícil começar um novo relacionamento, qualquer que seja. com um novo amor, um amigo, um parente, um carro, um trabalho, um tapete, uma camiseta ou uma bota de cano alto...se ajeitar ao novo. conhecer seus costumes e, mais difícil, adequar a eles os seus. difícil descobrir o lado certo e o avesso. aprender a usar sem que a etiqueta incomode ou o calo aperte. manual de instruções é sempre um começo traumático para mim. descobrir até onde o produto estica ou aperta, até onde ir antes de destruir tudo...e lá se vai o novo relacionamento.
começar um livro novo é angustiante. as primeiras páginas são um suplício, montes de pessoas, lugares e sentimento que você precisa começar a entender...até que a história comece realmente.
começar a viver em uma casa nova é praticamente uma aventura. você não sabe por onde entram as correntes de vento. quais as portas que rangem, quais as maçanetas que emperram. onde estão os canos que, com certeza, você vai acertar na sua primeira investida com a furadeira.
pessoas novas são sempre um problema. onde ela esteve, que livros leu, qual sua opinião a respeito da cirurgia de mudança de sexo na Indonésia??? como começar um relacionamento com um nêmore de uma ilha afastada da Ásia.
começar a arrumação de um quartinho de bagunça. você olha o quartinho da porta um milhão de vezes e ensaia...olha, suspira e fecha a porta. mais tarde, abre de novo a porta, de fininho para não ser percebida...espia pela frestinha e com medo, fecha de novo a porta. até que um dia, num arroubo de coragem enfrenta de peito aberto, o perigo que pode representar um quartinho de bagunça - roupas de bebê do seu filho que já fez dez anos, chupetinhas que ele abandonou, os primeiros rabiscos em lápis colorido...enfeites de natais passados, lembranças de nascimento, convites de casamento de casamentos que nem existem mais....melhor fechar a porta de novo...e começar a esquecer.
como é difícil também começar a esquecer. tudo lembra, seja o que for. como é difícil a decisão de: "a partir de agora eu vou esquecer" e pronto...aperte o delete. tudo resolvido.
ainda mais complicado é começar o que já foi começado (ou seria recomeçar)?
o primeiro gole da primeira garrafa de vinho nunca é tão saboroso quanto o primeiro gole da segunda garrafa...quando o vinho já te preparou para o sabor do vinho!
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