terça-feira, 12 de junho de 2012
recomeços...parte 2
Mas fulana, isso não deveria ser um post sobre "recomeços"?
Que raio faz um orelhão ilustrando o texto?
Tá, eu explico....
Ulisses, de James Joyce, é um livro que eu namoro de longe. Algo como aquele restaurante ultra fino que você não entra não necessariamente por falta de dinheiro, mas talvez por achar que não esteja pronto para aquele ambiente. Mais ou menos isso. Tenho Ulisses a uma distância segura.
Há algumas semanas li que a Companhia das Letras estava relançando Ulisses numa edição popular. Óbvio, popular no preço, não na obra. A obra continua sendo..."a obra". Em comemoração ao lançamento, um mini curso de 2 dias com Caetano Galindo, tradutor dessa última edição. Planejei colocar meus óculos vermelhos, fazer pose de intelectual (que aliás faço muito bem) e me embrenhar no meio da platéia. Talvez ninguém notasse a minha presença ali. Praticamente uma intrusa. Fui.
O mini curso começou ontem. Inacreditavelmente Caetano fala minha língua. É simples e muito didático ao tentar passar para a pequena platéia um cenário geral da obra de 1100 páginas. Estou mais apaixonada que nunca e agora talvez tenha coragem de um olhar mais demorado...uma assédio mais próximo. Talvez, eu digo apenas talvez, eu encare Ulisses desta vez.
Bom, mas afinal o que tem a ver o tal orelhão pintado da foto com Ulisses e com recomeços?
Ontem, foi um dia surreal, uma correria do cão a tarde. Cheguei em casa em cima da hora e previa ir de ônibus/metrô para a Paulista. Se eu tivesse leitores e eles fossem leitores desavisados (sempre quis escrever isso "leitores desavisados") eles não entenderiam porque achar estranho ir de ônibus/metrô para a Paulista. Mas se eles me conhecessem, entenderiam.
Cheguei correndo, esbaforida de uma tarde incrível, de jaqueta preta e cachecol rosa. Larguei o carro e lá fui eu, de botas cano alto, de ônibus para a Paulista. Sim, a Paulista.
A Paulista sempre foi um cenário importante para mim. Algumas pessoas gostam do Itaim, outras da Liberdade, algumas da Vila Mariana. Eu mesma tenho quedinha grande pela Vila Madalena. Mas, cá entre nós, é na Paulista que as coisas acontecem.
E lá estava eu. Toda "pimpona" como diria uma nova amiga já muito querida. Caminhando nas calçadas da Paulista, iluminada por aquela incrível luz amarela, com passos seguros e um sorriso meio idiota no rosto. Eu quis registrar isso hoje, pois tenho certeza que daqui a alguns dias isso vai parecer uma bobagem sem fim. Mas ontem, isso teve uma importância ímpar nesse meu recomeço.
Ontem, eu era uma adolescente tardia. De botas de cano alto (eu nunca tinha tido botas de cano alto), andando sozinha (de ônibus) pela Paulista. Me aventurando num mundo que sempre amei (a literatura) mas que nunca foi meu. A sensação do dia de ontem é algo que quero guardar pra sempre.
Por que o orelhão afinal?
Há alguns dias conversando com um amigo, que mora há alguns anos nos EUA, acabamos ficando na dúvida quanto a configuração atual dos orelhões de São Paulo. Ele, ausente da cidade há muitos anos, lembra-se de um orelhão amarelo "marca texto". Eu lembrava de algo azul. Ontem, na Paulista, me deparei com esse. Obvio, talvez seja uma versão moderninha que fizeram para a Paulista (não acredito que os orelhões de Barueri tenham essa configuração). Mas enfim, mostrou como eu vivi fora do mundo nos últimos anos.
O orelhão foi a minha porta de entrada para esse mundo onde as coisas acontecem...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário