domingo, 21 de novembro de 2010

Na casa de um amigo verdadeiro, almoço é na cozinha. Nada de sala de jantar com mesa de vidro e luz indireta, não, almoço de verdade, na casa de amigo, tem que ter o calor do fogão perto, cheiro de tempero no ar. A luz gostosa que é refletida dos azulejos e armários claros.
Na casa do amigo verdadeiro, você pode chegar cheia de sacolas de mercado e abrir você mesmo a geladeira, para manter a temperatura da cerveja ou do champagne.
Na casa do amigo, a gente já chega gritando e beijando todo mundo. Sabe onde limpar o pé. Pode deixar a bolsa em cima da cama, pois sabe que o amigo não irá se importar. A gente chega como se nem tivesse partido, continua o assunto de onde parou, pois, na verdade, o assunto nunca parou.
O amigo verdadeiro põe gérberas vermelhas em potinhos reciclados, enfeita a vida de simplicidade pra te receber. Sabe os temperos que você aprecia e quais são suas alergias. Põe amendoim de casquinha pro bate papo e manda todo mundo puxar um banquinho. O amigo verdadeiro conhece a trilha sonoro que te emociona.
Na casa do verdadeiro amigo, a gente reconhece a história de cada peça da mesa, cada copo, cada colher e lembra de almoços do passado. O amigo espera a gente para acabar de cozinhar. Na casa do amigo, todo mundo cozinha junto e prova do tempero na mesma colher.
Na casa do amigo, tem lombo que a madrinha prepara, farofinha especial e arroz que o marido faz depois que chega. Tem sorvete de pote e brigadeiro de colher...que todo mundo come quente e queima a língua.
Na casa do verdadeiro amigo, a gente imita fotos que tirava na infância e reúne os filhos para fotos históricas. A gente se fantasia de óculos escuros e se joga na cama para uma foto divertida que estará lá daqui a 40 anos e quem sabe inspire nossos filhos a imitá-la.
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eu já devo ter contado essa história aqui, mas história boa vale ser contada...de novo e de novo.
tenho uma amiga de infância. na verdade, técnicamente, somos amigas desde antes da infância. diz a lenda que nossas mães (muito amigas) ficaram grávidas no mesmo dia e no mesmo local (durante uma viagem à praia). nascemos no mesmo hospital, ela, sempre mais precoce, nasceu no dia 4 de janeiro e eu, já um pouco mais lerda, nasci no dia 5. tendo em vista que as crianças, naquela época, nasciam e iam direto para o berçário, onde só então o pai pudesse vê-los, é bem provável que eu a tenha conhecido antes mesmo de conhecer meu pai.

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