quarta-feira, 21 de julho de 2010

A água do mar lava algumas ruas de Paraty ! Idéia original de urbanistas portugueses que ajudaram na elaboração do projeto urbanístico da cidade. A água tem permissão para entrar e levar embora toda a sujeira das ruas. A cada nova maré a cidade tem a chance de "se limpar" novamente.
As casas de Paraty têm mais portas que janelas. Isso porque, antes de serem casas, foram lojas, armazéns, ferrarias. Hoje, este detalhe, dá uma gostosa sensação de hospitalidade.
Amyr Klink começa ou termina sempre suas viagens em Paraty.
Dona Geralda, filha de um portugues beneficiado com o sistema de sesmarias, financiou a construção da igreja da Matriz (a terceira construída, depois de duas anteriores que ficaram pequenas para a população local e foram destruídas). Em troca, teria feito duas exigências: que fosse feita uma homenagem a Nossa Senhora dos Remédios e que os índios - Guaianás - que ajudariam (não voluntariamente) na construção da igreja fossem tratados com carinho. A Santa está lá, já os índios...não encontramos nenhum que pudesse confirmar se a segunda exigência foi atendida.
A "coroa", tão benevolente com os escravos, deixou eles construíssem uma igreja para uso próprio (além das que construíam para os brancos), foi chamada de "Nossa Senhora das Dores". Os escravos acabaram caprichando mais na "sua própria igreja" e hoje é considerada a mais bonita da cidade. No teto da abóbada principal "esconderam" um abacaxi disfarçado. Como o abacaxi era o principal símbolo da família real, eles não poderiam usá-lo na igreja dos escravos. Hoje ele está lá, de cabeça para baixo, mas está.
Algumas fachadas são ornamentadas de pedras enormes amarelas trazidas de Portugal como lastro nas embarcações. Os návios eram construídos para navegarem cheios porém, quando vinham para o Brasil , viajavam vazios. Para manter a estabilidade, enchiam seus porões de pedras. Chegando aqui tinham que enfiá-las em algum lugar.
O triângulo da Maçonaria está presente nas cantoneiras de pedras nas encruzilhadas.
Em Paraty sorri mais do que chorei, mas chorei.
Tomei vinho bom.
Usei meu xale preto e minhas botas toc toc toc.
Deixei que a água entrasse e lavasse a sujeira que ainda poluía minhas ruas.
Descarreguei algumas pedras que me pesavam.
Abri minhas portas.
Entendi enfim que, para o que não há remédio, remediado está.


postado originalmente em julho 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário