
Vida normal. Sem grandes emoções, nem grandes tristezas...não guardo grandes perdas...nem tampouco grandes vitórias. Tudo coube (até então) em 3 diários de papel. O primeiro viveu numa brochura. A capa eu mesma fiz com papel espelho, que não era espelhado (um dos mistérios da minha infância) mas era cor de rosa. Guardou versos sublimes do alto da sabedoria dos meus 12 anos...guardou também as lágrimas de meus amores impossíveis. Aquele que foi embora, morar a longinqüos 20 kilômetros de distância. Hoje agradeço, se tivesse ficado teria se tornado mais um rosto no bairro como tantos outros rostos. Também teria envelhecido. Casado, separado...nos encontraríamos no sacolão do bairro no final de semana. Você vestindo uma camisa de time, carregando 2 filhos num carrinho de mercado...Tenho certeza: é melhor que tenha ido. Ficou na minha imaginação como um príncipe encantado, um amor impossível. Isso dá muito mais poesia. O segundo nasceu depois de 20 anos. Na capa um anjo renascentista. Nasceu da necessidade de registrar outras experiências. Nem tão minhas assim. Nasceu num final de semana, de uma estripulia. Este guardou momentos densos - já mais adulto (sem papel espelho cor de rosa) registrou perdas...muitas perdas. Registrou desastres mundiais, crises políticas e conjugais, registrou inícios e fins. Um palito de sorvete, um tichets de cinema, teatro infantil, os primeiros desenhos, alguns recortes de jornal,"A FOLHA DE UM PLÁTANO"...de um final de semana especial. Esse virou uma triste lembrança...suas folhas se espalharam numa estrada...na sua esperança de me arrancar minhas lembranças...em vão...elas continuam comigo. Minha pior lembrança sua. Depois deste dia tudo mudou...o que eu sentia por você se espalhou junto com as folhas ao longo da estrada...sumiu como aquela tão especial "folha do plátano". O terceiro nasceu desta lembrança. Amarelo. Agora um fichário. Assim posso destacar lembranças que não me fizeram bem...sem prejudicar as outras. Abrir os ganchos e me desfazer das tristezas...deixar somentas as páginas felizes. É uma grande evolução.
dezembro 2009
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