segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma nova descoberta.
Uma "menina" de 16 anos...que já nasceu com nome de escritora.


Sempre acho meu comentários, em blog alheios, melhores que meus próprios posts, mas, até hoje, não tinha tido a oportunidade de escrever a célebre frase que já vi tantas vezes por aí:

O COMENTÁRIO QUE VIROU POST:
Casa de Mariah disse...

Gabriela Marques (bom, confesso que já nasceu com o nome certo para ser uma grande escritora. Deve conhecer Gabriel Garcia Marques, imagino.)

Desde a infância eu dizia que, quando tivesse um filho ele se chamaria Vinícius (por causa do poetinha). Quis o destino que eu me casasse com um Moraes (aliás com sobrenome idêntico ao de Vinícius que era, na verdade, de Mello Moraes), aí então eu teria a oportunidade de ter meu "Vinícius de Moraes". Bom, não veio o Vinícius, mas chegou a Maria (Maria Luiza ou Malu), que me encanta diariamente com descobertas inimagináveis.

Procurei um contato seu para te mandar esse comentário por e mail mas não encontrei, então vai por aqui mesmo (um mega comentário gigante....). Lá no meu blog tem meu e mail e também meu Facebook (aquisição recente rs) caso queira me enviar seu contato, vou adorar poder falar com você.

Gabi (o mundo inteiro deve te chamar assim, por que eu seria diferente?), eu tenho uma sobrinha (única, amada, minha afilhada) que também tem 16 anos como você, e pelo convívio que tenho com ela posso dizer que sei, mais ou menos, o que é ser um adolescente nos dias de hoje. Não sei dizer se é melhor ou pior do que era na "minha época" mas, através de um dos comentários que você fez, acho que vocês têm um ponto favorável muito importante: a proximidade dos pais. Meus pais, que são ótimos e amados, fizeram o que puderam para nos dar (a mim e às minhas irmãs) a melhor educação possível, dentro das nossas possibilidades, mas sempre foram meio distantes, muito mais "pais" do que "amigos", assim como tinham sido os pais deles e os pais dos pais deles. Ter o privilégio de ter seu pai lendo blogs com você é absolutamente incrível, talvez você não tenha noção exata dessa importância hoje, mas te garanto, que fará uma diferença muito grande no seu futuro.

Achei engraçado você dizer que "ainda é criança às vezes". Quando eu tinha a sua idade, também me sentia "criança às vezes", hoje me sinto "sempre". Com 16 anos eu achava que sabia de tudo, tinha certeza absoluta de todas as minhas convicções, já tinha meu futuro desenhado num fluxograma perfeito. Ao longo da vida fui acumulando tantas dúvidas e questionamentos que hoje, tenho até dúvidas em relação à pessoa que sou...ou pelo menos de algumas características. Preferindo ser um personagem multifacetado. Um pessoa constantemente aberta a novas possibilidades que a vida me traz....e confesso, sou tão mais feliz desta forma.

É realmente surpreendente esse contato com alguém tão novo quanto você. Você foge do perfil da maioria dos escritores por aqui. É incrível esse encontro de gerações (seu pai provavelmente deve ter a mesma idade que eu - tenho 38 anos) e, esse encontro se dar assim, de forma tão voluntária e agradável.

Bom Gabi, acaba de ganhar uma amiga.

Parabéns menina e olha, um conselho: Leia os clássicos, todos que puder!!!!!

Beijos Mariah

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Avenida Paulista - 25/11/2010
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- Papai, que rua é essa?
- É a Avenida Paulista. Uma das avenidas mais importantes do mundo!
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Eu tinha cerca de 8 anos, não entendia exatamente o que era esse tal "mundo" (talvez não entenda até hoje), mas a descrição imprimiu para sempre na avenida, uma aura de importância imensurável. Sob rigorosa supervisão materna, pude abrir o vidro do carro e colocar os olhos para fora da janela na tentativa de alcançar o topo dos prédios, tão distintos, tanto em forma quanto em quantidade, dos poucos que já tinham chegado ao nosso bairro.
A silhueta das construções emoldurava a avenida com uma perspectiva perfeita, as lâmpadas amarelas eram flores iluminadas no canteiro , calçadas desenhadas em branco e preto, semáforos coloridos, letreiros luminosos...neste dia me apaixonei pela avenida que estaria presente em tantos momentos importantes da minha vida.
Hoje, depois de 30 anos, numa noite de chuva, a Paulista se pintou para mim num quadro impressionista, um improvável Monet noturno. Me relembrou minha antiga paixão.
De dentro do carro, ouvindo Bethânia, voltei no tempo e me senti a menina de 8 anos sentada no banco de trás do carro do meu pai.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tem dias em que me sinto, profundamente, cansada de ser eu mesma.
Me cansa a figura da mulher de meia idade, mãe de família,
acima do peso e abaixo da média,
batalhadora, sensata, politicamente correta.
Surto em silêncio.
Coloco um chapéu, fumo um cigarro e simulo idéias brilhantes.
Nesses dias eu finjo...
finjo ser uma mulher casada, mãe de família...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Oi querido, sabia que um dia você acabaria chegando a té aqui.
Então agora, sente-se e prete bem atenção!
Se no início eu escondia esse "segredo", a partir de um certo momento passei a relaxar e, de certa forma, até desejar que você descobrisse esse meu cantinho secreto.
Saiba que nunca foi propriamente um segredo ou algo obscuro que eu mantenha escondido por algum motivo ilícito. Entenda como um quartinho secreto onde me escondo de vez em quando, pra chorar minhas mágoas ou registrar minhas alegrias, sem estar exposta a observação e crítica de ninguém, além da minha própria. Um cantinho de solidão voluntária e desejada.
Não me culpe, nem se zangue por não ter dividido isso com você. Na verdade, não dividi com você nem com ninguém. A única conhecedora e incentivadora do projeto é a Carlota, que desde o início acompanha e até me elogia. Mas não a culpe também, ela sempre defendeu que eu deveria te contar.
Amor, não quero que se sinta traído, volte alguns posts e você descobrirá que você está presente, diretamente, em 9 de 10 posts que escrevo e, indiretamente, em todos os outros. Você é minha maior testemunha. Vai identificar retalhos da linda história que, há tantos anos, escrevemos a quatro mãos. Talvez até se orgulhe de mim. Vai encontrar registros de algumas tristezas e de incontáveis alegrias. Alguns momentos simples dos quais talvez você nem se lembre, mas que eu fiz questão de registrar.
Agora você poderá entender minha mania irritante de fotografar os momentos mais simples, xícrinhas de café, os sapatos da Maria (ah, para que você entenda, Maria é o nome que a Malu tem por aqui), nossos jantares caseiros e nossas garrafas de vinho. Entenderá do que se trata os garranchos ilegíveis que rabisco no meu Moleskine vermelho. Porque mantenho incontáveis post its marcando pensamentos interessantes nos livros que leio (você encontrará vários desses pensamentos jogados por aí).
Agora, caso não esteja triste ou zangado, acomode-se na cadeira e vá pinçando aleatóriamente posts do passado. Será uma forma linda de descobrir o quanto te amo!

domingo, 21 de novembro de 2010

Na casa de um amigo verdadeiro, almoço é na cozinha. Nada de sala de jantar com mesa de vidro e luz indireta, não, almoço de verdade, na casa de amigo, tem que ter o calor do fogão perto, cheiro de tempero no ar. A luz gostosa que é refletida dos azulejos e armários claros.
Na casa do amigo verdadeiro, você pode chegar cheia de sacolas de mercado e abrir você mesmo a geladeira, para manter a temperatura da cerveja ou do champagne.
Na casa do amigo, a gente já chega gritando e beijando todo mundo. Sabe onde limpar o pé. Pode deixar a bolsa em cima da cama, pois sabe que o amigo não irá se importar. A gente chega como se nem tivesse partido, continua o assunto de onde parou, pois, na verdade, o assunto nunca parou.
O amigo verdadeiro põe gérberas vermelhas em potinhos reciclados, enfeita a vida de simplicidade pra te receber. Sabe os temperos que você aprecia e quais são suas alergias. Põe amendoim de casquinha pro bate papo e manda todo mundo puxar um banquinho. O amigo verdadeiro conhece a trilha sonoro que te emociona.
Na casa do verdadeiro amigo, a gente reconhece a história de cada peça da mesa, cada copo, cada colher e lembra de almoços do passado. O amigo espera a gente para acabar de cozinhar. Na casa do amigo, todo mundo cozinha junto e prova do tempero na mesma colher.
Na casa do amigo, tem lombo que a madrinha prepara, farofinha especial e arroz que o marido faz depois que chega. Tem sorvete de pote e brigadeiro de colher...que todo mundo come quente e queima a língua.
Na casa do verdadeiro amigo, a gente imita fotos que tirava na infância e reúne os filhos para fotos históricas. A gente se fantasia de óculos escuros e se joga na cama para uma foto divertida que estará lá daqui a 40 anos e quem sabe inspire nossos filhos a imitá-la.
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eu já devo ter contado essa história aqui, mas história boa vale ser contada...de novo e de novo.
tenho uma amiga de infância. na verdade, técnicamente, somos amigas desde antes da infância. diz a lenda que nossas mães (muito amigas) ficaram grávidas no mesmo dia e no mesmo local (durante uma viagem à praia). nascemos no mesmo hospital, ela, sempre mais precoce, nasceu no dia 4 de janeiro e eu, já um pouco mais lerda, nasci no dia 5. tendo em vista que as crianças, naquela época, nasciam e iam direto para o berçário, onde só então o pai pudesse vê-los, é bem provável que eu a tenha conhecido antes mesmo de conhecer meu pai.

sábado, 20 de novembro de 2010

imagem: quadro de Maria

tema: Minha Infância

Andei de bicicleta
Cai na calçada
Ri de uma charada
Plantei um pé de feijão
Ganhei um cão
Me lambuzei de picolé
Brinquei de esconde-esconde
Quebrei o meu pé
Andei de bonde
Fui na praia
Vi filme na TV
Usei uma saia
Comi um delicioso pavê
Fiz escova no cabelo
Comi caramelo
Visitei uma fazenda
Apanhei de chinelo"

Maria em 10/03/2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"Há quanto tempo você não se permite fazer algo que alimente seu espírito de alegria e satisfação? Lembre-se da sua infância e irá se recordar que, com muito pouco, você era feliz porque seus sonhos eram alimentados a todo instante. Com sua critatividade e imaginaçao, um simples cabo de vassoura se tranformava na espada mágica de um super-herói. Com uma bola de meia em uma rua esburacada nos sentíamos como um verdadeiro astro do esporte.
E tomávamos chuva, andávamos descalços, ficávmos no sereno, vivíamos com as mãos sujas de terra, e quanto doentes nos tratávamos com o farmacêutido do bairro. Tudo isso porque éramos felizes.
Por que largou sua criança em algum trecho do caminho? Conecte-se com com sua criança interior, ela saberá apontar o que está faltando para você ser feliz.
Busque cada vez mais fazer o que gosta e se não puder fazer tudo o que gosta, aprenda a gostar de tudo que faz. Eis aí o segredo da felicidade.
Desperte a criança que ainda vive em você, deixse que ela lhe traga mais alegria, espontaneidade, curiosidade, divertimento e pureza. " (José Carlos De Lucca)
................
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim a ser quem sou.
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Fernando Pessoa

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

não posso viver sem minha "xicrinha" de café pela manhã
não posso viver sem desenhar
não posso viver sem ouvir Alcione
não posso viver sem minhas irmãs
não posso viver sem a minha amiga de infância
não posso viver sem esmalte vermelho
não posso viver de brisa
não posso viver sem o "google"
não posso viver sem "gnt"
não posso viver sem bota de bico fino
não posso viver sem vinho tinto
não posso viver sem Toquinho
não posso viver sem meu "pilili"
não posso viver sem planejamento
não posso viver reclamando
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dispenso balada puts puts
dispenso manteiga
dispenso esmalte cor de rosa
dispenso encontro de negócios
dispenso coquetel de frutas sem álcool
dispenso calça branca
dispenso pulseiras
dispenso todo tipo de chá
dispenso todo tipo de gente que não tem o que dizer
dispenso bolsa pequena
dispenso exame de rotina
dispenso molho branco e todo tipo de pudim!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

neste momento misterioso
percebi que "morte" só existe desse lado
se do "lado de cá" é "partida"
do "outro lado" é "chegada"
se fosse ruim...não seria com você!
neste momento esquisito
percebi que sorrisos podem ser muito tristes
e lágrimas...nem sempre são...lágrimas...
que nossos pés são capazes de agüentar
bem mais que nossos corações!

nesta sala gelada
dentro de uma caixa branca
um manequim maravilhoso

de lenço pink na cabeça...
buquê de gerânios, um anel de
força, coragem e amizade,
lábios lindamente pintados,
num olhar distraído...
parecia ligeiramente com você!
nesta sombra de vela
chegando perto se vê
você não está mais ali.
nada mais existe ali,

pra onde foi tudo?
onde está?

numa sala vazia
restos de flores pelo chão
numa sala vazia
um "vão"
não venha me dizer
que pessoas são substituíveis, pois
elas não são não!

pessoas de 27 anos não
poderiam morrer.

morrer deveria ser
privilégio de "gente velha",

que já está cansada de viver,

que já viu muitos
outros viverem...e morrerem.

que já viu sonhos
realizados e frustrados.

que já tentou, que já
errou, acertou, ganhou e perdeu.


pessoas de 27 anos
deveriam viver
viver para tentar
para errar e acertar
sorrir e chorar!

"ficou um buraco na roda"

... brinca de roda menina linda...
que daqui viveremos
eternamente sua saudade!

para "Mere" com amor
de irmã 17/11/2008

repostado em 17/11/2010
para que a gente nunca se esqueça de dar importância
a o que realmente tem importância.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

E SE EU MORRESSE AMANHÃ? não, não se anime, não vou me desmanchar num testamento choroso e nobre, cheio de histórias e saudades, não. não seria tão presunçosa assim. vamos a parte prática da coisa, o lado egoísta de quem pensa, as vezes...só as vezes..."como o mundo poderia viver sem mim?".
e se eu morresse amanhã? falecesse, virasse purpirina ou adubo? quanto tempo levariam as providências práticas...por favor me "cremem"...tudo bem, sei que é caro, triste...mas ferre-se...por favor não se atrevam a não respeitar esse (e alguns outros) último pedido. ouvi dizer que só se pode cremar depois de algumas horas, não sei quantas. isso talvez me dê algumas horas para o caso de eu mudar de idéia.
quem será que terá a nobreza de cuidar do que sobrará de mim...espero morrer de uma doença que não me ferre ainda mais meu corpo. quero ser um defunto bonitinho, aquele que quando o povo olha diz (sempre diz)..."olha ... está com um semblante tranqüilo..."
L. estará muito abalado. do jeito que gosta de planejar tudo... vou acabar fedendo. minha mãe nunca se recuperará. minhas irmãs - só contem com elas se for dia de semana, fim de semana, nem pensar...é, vai sobrar para meu pai..."vou de táxi...você sabe..."melhor lembrar de deixar um boleto assinado.
em quanto tempo farão um bazar com minhas roupas e sapatos? espero que M. fique com minhas (pouquíssimas) jóias, meu edredon e minha bonequinha vermelha....só, não quero deixar muita coisa para ela ter que carregar. em quanto tempo sumirão com minhas fotos, para se evitar lembranças tristes? não quero pensar em outros detalhes.
quantas pessoas irão até Itapecerica marcar o ponto ou retribuir visita (que costume estranho esse também)...melhor não arriscar, Itapecerica é longe para caramba pode afetar minha popularidade, me coloquem no Araçá...mais central, com condução fácil e lanchonete do lado.
não gosto de praia nem de montanha o suficiente para uma homenagem, melhor jogar minhas cinzas na higiênica do gato, pelo menos assim minha vida tem que ter servido para alguma coisa.
quem ficará com meu carro? e com o carnê? será que o banco perdoa a dívida? duvido! ferre-se...fiador, se prepare.
quase ninguém sabe do blog...quem sabe então, deixe um comentário avisando...quem sabe uma alma nobre não dedica um post a mim.
tenho médico dia 25, por favor desmarquem...não quero ocupar vaga de ninguém que, com certeza, vai precisar mais que eu.
vou deixar algumas pendências, não tem jeito, por mais que a gente faça sempre sobra algo a fazer. já fiz um monte de coisas da qual me orgulho (agora não me ocorre nenhuma, estranho) e um outro monte (talvez um pouco maior) das quais me envergonho...essas eu conto em detalhes se alguém quiser saber.
a Fontana de Trevi terá que sobreviver sem minha visita. Cristo Redentor também. Não terei tomado café da manhã com a camisa azul do Diogo Mainardi.
para minha lápide deixo algumas opções...democracia até na hora da morte?..."Nada a declarar", "Se eu não estou ao seu lado, alguma coisa deu errado", "Espere até chegar em casa para falar mal de mim"...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010


"Saudade" de Almeida Junior
Pinacoteca de São Paulo

Voltei, pra te ver de novo!
Logo após minha saída apressada, grande tristeza me tomou.
Tristeza por ter te deixado sozinha, chorando ao pé da janela.
Quanta indiferença a minha.
Estiquei meu pescoço para tentar espiar o que te machuca neste pedaço de papel.
Talvez uma foto antiga, amarelada, que você desesperadamente tentar iluminar nesta fraca luz que vaza da janela.
O papel parece ter um carimbo postal.
Alguém distante manda notícias?
Alguém distante avisa que não volta mais?
Outro avisa que alguém não existe mais...
Talvez um poema. Talvez uma promessa de amor.
Solidária, tento remexer o baú quase escondido no canto do aposento.
Esperança de encontrar dentro dele o motivo da lágrima iluminada no seu rosto.
Entender o grito de dor que você tenta abafar com o seu xale negro.
O porquê do luto.
Queria poder te apoiar, te confortar.
Impotente, me sentei à sua frente, curvada de tristeza e sofri quieta com você.

dez 2009

domingo, 14 de novembro de 2010

Vida normal. Sem grandes emoções, nem grandes tristezas...não guardo grandes perdas...nem tampouco grandes vitórias. Tudo coube (até então) em 3 diários de papel. O primeiro viveu numa brochura. A capa eu mesma fiz com papel espelho, que não era espelhado (um dos mistérios da minha infância) mas era cor de rosa. Guardou versos sublimes do alto da sabedoria dos meus 12 anos...guardou também as lágrimas de meus amores impossíveis. Aquele que foi embora, morar a longinqüos 20 kilômetros de distância. Hoje agradeço, se tivesse ficado teria se tornado mais um rosto no bairro como tantos outros rostos. Também teria envelhecido. Casado, separado...nos encontraríamos no sacolão do bairro no final de semana. Você vestindo uma camisa de time, carregando 2 filhos num carrinho de mercado...Tenho certeza: é melhor que tenha ido. Ficou na minha imaginação como um príncipe encantado, um amor impossível. Isso dá muito mais poesia. O segundo nasceu depois de 20 anos. Na capa um anjo renascentista. Nasceu da necessidade de registrar outras experiências. Nem tão minhas assim. Nasceu num final de semana, de uma estripulia. Este guardou momentos densos - já mais adulto (sem papel espelho cor de rosa) registrou perdas...muitas perdas. Registrou desastres mundiais, crises políticas e conjugais, registrou inícios e fins. Um palito de sorvete, um tichets de cinema, teatro infantil, os primeiros desenhos, alguns recortes de jornal,"A FOLHA DE UM PLÁTANO"...de um final de semana especial. Esse virou uma triste lembrança...suas folhas se espalharam numa estrada...na sua esperança de me arrancar minhas lembranças...em vão...elas continuam comigo. Minha pior lembrança sua. Depois deste dia tudo mudou...o que eu sentia por você se espalhou junto com as folhas ao longo da estrada...sumiu como aquela tão especial "folha do plátano". O terceiro nasceu desta lembrança. Amarelo. Agora um fichário. Assim posso destacar lembranças que não me fizeram bem...sem prejudicar as outras. Abrir os ganchos e me desfazer das tristezas...deixar somentas as páginas felizes. É uma grande evolução.


dezembro 2009

sábado, 13 de novembro de 2010



Ainda ontém a vó escolheu o feijão na mesa da cozinha de azulejos amarelos enquanto moeu o pão torrado em farinha.
A mãe fez um bolo de noiva do tamanho de uma porta e o enfeitou-o com mágicas fitas de coco. Ainda ontem o vô gigante andou as voltas com latas de tinta e cimento, dias e dias a construir uma nova parede.
Ainda ontem subimos na cerejeira e deixamos que ela manchasse nossas roupas.
Ainda ontem comi torradas de pão francês com geléia de morango.
Ainda ontem furei minhas orelhas e virei mocinha.
Ainda ontem colei bolinhas de papel crepom no desenho da coruja.
Voei pendurada no salgueiro do pátio da escola.
Ainda ontem sujei minhas mãos tentando prender a corrente da bicicleta azul.
Ainda ontem escrevi uma carta jurando amizade eterna para minhas melhores amigas.
Ainda ontem brinquei com os primos atravessando o portão secreto que une os dois quintais. Ainda ontem chegou em casa o primeiro aparelho de telefone.
Ainda ontem me tranquei com a prima no quarto verde e prendi meu dedo no balanço.
Ainda ontem sonhava em ser arquiteta, fotógrafa e filósofa.
Descobri que meu pai não era o super homem e que eu não queria ser minha mãe quando crescesse.
Ainda ontem nossa casa tinha apenas um banheiro, papel de parede com flores e carpete marrom. No quarto da mãe tinha um espelho mágico e gigante.
Ainda ontem a irma mais nova chegava embrulhada num chalé de crochet.
Ainda ontem eu acreditava que o Papai Noel fosse atender a todos os meus pedidos, pois eu era uma boa menina.
Ainda ontem acreditava que o futuro seria a simples realização dos meus sonhos.
Ainda ontem senti medo e segurei na mão do meu pai.
Ainda ontem a vó botava o feijão no fogo...

dezembro 2009

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

não me chame para fazer trilha no mato
não me passe corrente religiosa
não me convide para show de rap
não me mande selinhos
não me dê livros da Zíbia
não me dê braceletes
não me cobre atenção
não me ofereça Amarulla
não me ofereça Pudim de Leite
não me dê rosas de semáforo
não me dê receita de bolo
não me ensine um novo ponto
não me fotografe
não me bajule
não me cutuque
não me conte o último capítulo
não me mande mala-direta
não me peça opinião
não me dê amarelo
não me fale inglês
não me defenda pena de morte
não me venda porcaria
não me prometa nada
não me passe manteiga no pão
não me dê bala de troco
...não me esqueça!

dezembro 2009

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

vira e mexe lá vem Maria:
- Na sua época tinha mochila de rodinha?
- Não não tinha.
- Tinha "Naruto"?
- Não, não tinha.
- "Pica Pau" e "Tom e Jerry" tinha né?
- Tinha...e já era chato!
- Tinha "Cartoon Networks"?
- Não, não tinha. Nem internet e nem TV à cabo.
- Não tinha?
- O "Homem Aranha" é da sua época?
- Sim é...mas em quadrinhos?
- O que é quadrinhos?
- Revistinha, Gibi!
- Ah, Gibi! Na sua época tinha tênis de rodinha?
- Não, não tinha.
- Tinha celular?
- Não, não tinha.
- Televisão tinha?
- Sem controle remoto.
- Orkut tinha? Msn?
- Não tinha internet...a gente escrevia cartas.
- Tinha Barbie?
- Só Susi. Eu tive uma.
- Só uma?
- Tinha avião?
- Já tinha.
- Carro tinha?
- Poucas marcas...Fusca tinha.
- Tinha lição de casa?
- Ah, isso tinha!
- Pelo menos alguma coisa tinha né?

novembro 2008
** esta repostagem já estava programada para a data de hoje. e hoje, justo hoje, em que soubemos que nossa Maria já é uma "mocinha".
na data de hoje, minha Maria ficou menstruada.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pela primeira vez, chorei de saudade daquela noite. Muito quente, tínhamos acabado de sofrer nossa primeira separação. Há meses já te sentia me sufocando, em alguns momentos de desespero, quase ansiei por aquele momento. Foi uma separação tranqüila, silenciosa. Eu quase inconsciente, você assustada, surpreza e insegura. Assisti deitada, imóvel, seus olhos se afastarem de mim pela primeira vez. Seu choro abafado parecida me pedir socorro, mas eu não podia me mexer. Tanta emoção num momento tão breve. Nosso cordão vital sendo rasgado bruscamente. Após sua partida passei a noite toda sentada na cama, olhando para a porta, meu corpo doía, meio drogada, havia sangue para todo lado. Impaciente e insegura te esperei, sabendo que a qualquer momento você entraria pela porta, já parecendo outra pessoa. Não sabia exatamente o que esperar. Você já respirava por si própria. Minha ansiedade já deixava claro que algo tinha mudado, que a partir daquele momento eu nunca mais poderia ser a mesma pessoa. Já não poderia ser a mesma pessoa sem você. A partir daquela noite, você havia me roubado o direito de pensar em mim antes de pensar em você. Durante tanto tempo fomos uma pessoa só. Trocamos emoções, sangue e oxigêncio. Todo o resto do mundo à margem desta nossa cumplicidade vital e agora, assim, sem sentido nenhum você resolve sair desta relação, me deixando com um vazio imenso dentro de mim. Sua partida deixou em mim uma cicatriz eterna. Cicatriz que me lembrará todos os dias da minha vida do momento da sua partida. Dizem que o amor é um sentimento incondicional. Se, da sua partida dependia sua vida, então nada me restava senão aceitar sua partida. Deixei que você partisse para o mundo, que fosse plantar suas próprias alegrias e incertezas. Descobrir suas próprias verdades, ter suas próprias cicatrizes. Na verdade a cada dia te vejo mais pronta para a vida. Nos seus momentos de medo e ansiedade, penso na cicatriz, e desejo te colocar dentro de mim de novo. Desejo te proteger da vida. Nessa momento encorajo seus passos e fico anônima nos bastidores.


dez 2009

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"Pois a Ratinha era linda. Uma beleza rara, mas tão frágil e bonita que toda vez que eu olhava para ela era como se fosse a primeira vez. Ela surgia inesperadamente e provocava aquela espécie de choque que sentimos quando tomamos chá numa xícara comum e de repente, no fundo, vemos uma minúscula criatura, metade borboleta, metade mulher, fazendo uma reverência com as mãos enfiadas nas mangas de seu traje."
Je ne parle pas français - K. Mansfield
Muitas vezes a beleza se esconde no fundinho da xícara!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Vejo mulheres suspirando pelo Gianecchini e Cauã Reymond, mas eu, confesso, tenho um problema (quase sexual) com WILLIAM BONNER.
O que mais me faz suspirar em relação ao moço da bela figura é a soberania que tem em relação ao próprio discurso. Sua fala pausada e mansa, segura de que o que diz é realmente importante. Seu discurso é tranquilo, suave, conta com a certeza do conteúdo que transmite e que, portanto, corre poucos riscos de ser interrompido.
Não se iludam se acham que estou falando do "personagem" apresentador do Jornal Nacional pois não estou. Falo do William Bonner jornalista. Já o vi em vários programas de entrevista e, acreditem, o cidadão é realmente encantador.
William, você é o cara!

domingo, 7 de novembro de 2010

AVISO AOS NAVEGANTES:
Consegui importar alguns posts do antigo blogue.
Isso já é coisa adiantada por demais para alguém com meus dotes internéticos.
Vocês podem ler esses textos nas datas mais antigas.
Mas, claro, as postagens vieram desconfiguradas.
Fotos gigantes, vídeos deslocados, textos mal formatados.
Peço desculpas e prometo, ir consertando tudinho...aos poucos.
Um motorista distraído, virou na contramão.
Nosso pneu, que já não estava lá essas coisas, beijou a guia...
tadinho, não teve conserto. Não, o pneu.
E a vida segue, consertando aqui, remendando lá....recauchutando acolá.
O que tem a ver o sushi com tudo isso?
Nada! Mas estava uma verdadeira delícia!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ouço passinhos leves no corredor
quando chego, eles já estão lá, me olhando com caras de inocentes
e eu
nunca entendo como conseguem subir tão rápido"