quinta-feira, 31 de dezembro de 2009











...que venha 2010!







que chegue com cheiro de agenda nova

com linhas em branco e novo calendário

que traga os cachos de Maria cheirando a Clinique Happy

as covinhas emoldurando seu sorriso único



amigos em volta da mesa da cozinha



da casa da mãe ou da madrinha



pão, queijo e vinho

Merlot ou Carmenére

pro ano ser suave



papo furado



papo chorado



criança correndo para todo lado

prato quebrado

campainha que toca



avó sentada no sofá com mantinha no colo



cada vez mais surda...pobre Raimunda



pai no cochilo



café no coador de pano

bolinho de chuva com açucar e canela



sinteko novo



patinhas do cachorro



tinta fresca



mulher falando



mulher cantando



mulher chorando



mulher para todo lado



Maria aprendendo a sonhar



Maria aprendendo a sofrer



Maria terminando seu primeiro livro



viola e canto



cantos de alegria



cantos de saudade



"Me leva...oh vento me leva pra ela..."



pai de chapéu



samba e cerveja gelada



no copo ou na lata



picanha cortada na tábua

"levanta, sacode a poeira e dá volta por cima"

Salve 2010!















quarta-feira, 30 de dezembro de 2009






Cientistas criam forma de reduzir gases do gado




da BBC Brasil



Cientistas do Rowett Research Institute, do Reino Unido, estão testando comercialmente um aditivo alimentar natural que pode diminuir a quantidade de gás metano produzido naturalmente pelo gado durante a digestão.

O metano é um dos gases do efeito estufa. De acordo com os pesquisadores, cada cabeça de gado pode liberar até 500 litros do gás por dia, a maior parte disso ao arrotar.

Os pesquisadores descobriram que esse aditivo diminui a produção de metano pelos ruminantes e começaram um processo de produção comercial por um ano com um parceiro não identificado.

"Fizemos um teste com cordeiro recentemente e obtivemos uma redução de 70% na formação de metano", disse John Wallace, chefe da equipe.




segunda-feira, 28 de dezembro de 2009






Logan Pugh acordou no meio da noite e notou que presentes ao redor da árvore de Natal da casa de um amigo, onde estava dormindo, estavam mexidos. Pensou na ação de um ladrão. E estava certo. Só que o larápio era ninguém menos que um menino de 4 anos. Sim, 4 anos! O pequeno vizinho invadiu a casa, em Hixson, Tennessee (EUA), e pegou presentes na sala. Minutos depois, a criança foi encontrada pela polícia na rua, com uma lata de cerveja vazia na mão e usando um vestido que estava embrulhado ao pé da árvore natalina.



"Os policiais encontraram o menino no fim da rua, bebendo cerveja e andando como se nada tivesse acontecido", contou Logan à NBC.



O Departamento de Serviços Infantis retirou a guarda dos pais, acusados de expor o menino a perigos. Até a conclusão do inquérito, os pais não terão acesso à criança.



TEM ALGUMA COISA MUITO ERRADA ACONTECENDO NO MUNDO!






domingo, 27 de dezembro de 2009

Depoimento de uma moradora do Jardim Pantanal (não é piada) a respeito da remoção das famílias que residem na área alagada:



"Por desespero, no entanto, alguns moradores pretendem aceitar deixar a região mesmo sem saber para onde vão. Creuza Costa Dourado, que mora há 11 anos no bairro, contou que perdeu tudo na casa alagada e que está "desesperada" para sair dali. "Eu tenho um filho esquizofrênico, minha mãe com quase 90 anos, meu padrasto tem marca passo e sofre de mal de Chagas. Coloco meu filho pra dormir sentado em duas cadeiras e durmo assim, do lado dele. Mais de oito dias nessa penitência. Não aguento mais", disse.



parece enredo de filme de humor negro, mas é Brasil!

...mas o prefeito segue dizendo que..."está tudo bem"!

sábado, 26 de dezembro de 2009








"Como se eu tivesse a tela, os pincéis e as cores - e me faltasse o grito de libertação, ou a mudez essencial que é necessária para que se digam certas coisas......Também seria inesgotável escrever sobre beber mal. Bebo depressa demais, e não há alternativas: ou praticamente adormeço dentro de mim e fico morosa, pensativa sem que um pensamento se esclareça como descoberta, ou fico excitada dizendo tolices de maior brilho instantâneo. Mas - há um instante mínimo nesse estado em que simplesmente sei como é a vida, como eu sou, como os outros são, como a arte deveria ser, como o abstracionismo por mais abstrato não é abstrato. Esse instante só não vale a pena porque esqueço tudo depois, quase na hojra. É como se o pacto com Deus fosse este: ver e esquecer, para não ser fulminado pelo saber." Clarice...

tenho um grave defeito: MANIA DE PENSAR. estou sempre analisando o que eu falei, o que deixei de falar. dizem até que eu fujo dos conflitos e pior é que eu concordo. justifico meus atrasos, justifico as vezes que cheguei mais cedo. tento descobrir o que as pessoas queriam dizer e o que não disseram. invento minhas culpas e minhas desculpas. tento adivinhar por que ligou e por que não ligou. e, se ligou, falou o que queria, será que falou tudo o que queria? será que realmente era isso que queria falar? o que queria dizer com o que falou? tento descobrir minha parcela de culpa (porque eu sei que tenho) nas atitudes dos outros. pensando na minha omissão e na minha intromissão. tenho esse grave defeito: MANIA DE PENSAR!


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Grande Botão Vermelho

de Diogo Mainardi





"Neil Young é um colecionador de trens elétricos. Como seu filho era incapaz de acionar os trens, ele inventou um dispositivo: O Grande Botão Vermelho. Meu filho tem um Grande Botão Vermelho conectado a mim. Ele me liga e desliga quando quer"

Eu tenho um filho com paralisia cerebral. Neil Young tem dois. Ele fez o hino da paralisia cerebral. É T-Bone, do disco Re-ac-tor. Neil Young repete uma mesma frase sem parar, por nove minutos e dez segundos: Got mashed potatoes Ain't got no T-bone Ou: Tenho purê de batatas Não tenho bisteca



A paralisia cerebral é uma anomalia motora. Meu filho anda errado, pega errado, fala errado. Quando é para soltar um músculo, ele contrai. Quando é para contrair, ele solta. O cérebro dá uma ordem, o corpo desobedece. É o motim do corpo contra o cérebro. Como o doutor Strangelove que se estrangula, com aquela sua "síndrome da mão alienígena".



O tratamento da paralisia cerebral consiste em repetir em casa e na fisioterapia os movimentos que os outros meninos aprendem instintivamente. Sobe. Desce. Rola para um lado. Rola para o outro. Abre. Fecha. Perna direita para a frente. Perna esquerda para a frente.



Neil Young teve dois filhos com paralisia cerebral com duas mulheres diferentes. Por isso ele é o chefe da nossa tribo. O primeiro filho se chama Zeke. O segundo se chama Ben. T-Bone é de 1981. Na época, Ben tinha 3 anos de idade. Ele era tratado pelo método Doman, um programa de terapia intensiva desenvolvido na Filadélfia, nos Estados Unidos. Eram doze horas por dia de terapia caseira, sete dias por semana.



Neil Young falou sobre o período:



– Nosso filho não engatinhava, e diziam que, se ele não conseguisse engatinhar, a culpa era nossa, porque não tínhamos seguido o programa direito. Sofremos uma lavagem cerebral para pensar que o único jeito de salvar nosso filho era o programa. Durou dezoito meses. Dezoito meses sem sair de casa.



Neil Young só podia trabalhar entre 2 e 6 da tarde. Foi nesse intervalo de quatro horas diárias que ele gravou Re-ac-tor. O resto do tempo era dedicado à terapia de Ben, repetindo obcecadamente sua rotina de movimentos. Batata. Bisteca. Batata. Bisteca. Batata. Bisteca. Batata.



O método Doman era uma seita. Ao longo dos anos, acabou perdendo adeptos. O conceito lamarckiano de que o uso contínuo podia moldar as características dos portadores de paralisia cerebral foi posto de lado. Era muita batata para pouca bisteca.



Quando Neil Young percebeu isso, tudo mudou. Em vez de tentar adaptar Ben à realidade, ele passou a adaptar a realidade a Ben. Neil Young é um colecionador de trens elétricos. Como Ben era incapaz de acionar os trens, ele inventou um dispositivo para facilitar a operação. O dispositivo ficou conhecido como O Grande Botão Vermelho. Com O Grande Botão Vermelho, Ben podia finalmente abrir porteiras, engatar locomotivas, fazer o trem mudar de trilho, soltar fumaça e apitar.



Meu filho nunca se interessou por trens elétricos. Mas ele tem um Grande Botão Vermelho conectado a mim. Ele me liga e desliga quando quer. E me faz mudar de trilho, soltar fumaça e apitar."























[Revista VEJA, 3.3.2007, Ed. n° 1998]
















quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

mais uma de Diogo Mainardi





Ter um filho com paralisia cerebral é a experiência mais empolgante que existe. Eu nunca havia imaginado que isso fosse possível. Mas é. A principal característica de uma criança com paralisia cerebral é a dificuldade que ela encontra para vencer a força da gravidade. É como se fosse continuamente perseguida por um lutador de judô alucinado, que se diverte em passar-lhe rasteiras e imobilizá-la no chão. O que ela precisa aprender a fazer, desde o nascimento, é responder aos golpes desse seu adversário gravitacional. Vai pulando de faixa branca para faixa amarela, de faixa amarela para faixa verde, até atingir o seu limite máximo. Todas as habilidades motoras que adquirimos de modo automático, através do instinto, ela tenta adquirir com o raciocínio, com o exercício, com a perseverança. É a luta do intelecto contra a natureza selvagem.



A metáfora perfeita da história da humanidade. Davi contra Golias. Dr. Jeckyll contra Mr. Hyde. Uma criança com paralisia cerebral é como a maçã de Newton, que, caindo, revela os mecanismos secretos de funcionamento do mundo. Quando as pessoas descobrem que meu filho tem paralisia cerebral, costumam olhar para ele com uma mistura de simpatia e condescendência. Eu olho para ele como se olhasse para um totem, com reverência, devoção, gratidão e sentimento de inferioridade. Dizem que, por causa da ausência de gravidade, uma criança com paralisia cerebral estaria mais bem preparada que todos nós para viver na lua. Meu filho, portanto, é o homem do futuro, pronto para viagens interplanetárias.Sabe aquele episódio de Jornada nas Estrelas em que alienígenas de uma galáxia distante cismam que o capitão Kirk é a encarnação de Deus? Pois eu sou como os alienígenas, e o meu filho é o capitão Kirk.



O escritor italiano Giuseppe Pontiggia também tem um filho com paralisia cerebral. Acaba de ser publicado no Brasil o romance que ele escreveu baseado em sua experiência, Nascer Duas Vezes. Os fatos que ele descreve são comuns a todos aqueles que se vêem nessa situação: a incompetência dos médicos, o terrorismo dos fisioterapeutas, a incapacidade dos pais em aceitar os diagnósticos mais negativos, a dedicação maníaca aos exercícios de reabilitação. O que não é igual é a reação de cada um. O protagonista de Pontiggia, por exemplo, é tomado pelo sentimento



de culpa. Ele se convence de que a patologia do filho é uma punição por ter traído a mulher durante a gravidez. Sente angústia pela condição da criança. A angústia faz com que se afaste dela, cada vez mais. Um afastamento que, às vezes, chega a se transformar em ódio. Comigo aconteceu ao contrário: nenhuma culpa, nenhuma angústia, nenhum afastamento. Mas não é isso o que importa. Pontiggia, em seu romance, quer demonstrar que o fenômeno da invalidez é muito mais difuso do que se pensa. Não só a invalidez da menininha surda, ou do diretor de escola manco, ou do sogro senil, e sim a invalidez moral, a invalidez lingüística, a invalidez afetiva. Em relação a essas outras, a invalidez do filho de seu protagonista é apenas mais evidente. Com a vantagem de que ele está preparado para viagens interplanetárias.



mesmo tendo "amigos" que não são verdadeiros fãs, insisto em publicar aqui alguns textos do Diogo.

O que acho "magestral" na sua escrita (pelo menos nesses textos) é a forma como ele escreve do "real"...a forma como consegue ver a própria vida - com defeitos e tristezas - como se fosse uma outra pessoa. O talento de rir do destino!






quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Alguns meses após o nascimento da minha filha...Diogo Mainardi escreveu isto e a partir de então, nunca mais deixei de ler seus escritos!







Meu pequeno búlgaro



de Diogo Mainardi



"Eu achava que as palavras eram inofensivas. Para mim, o politicamente correto era folclore. Já não penso assim"

Diagnosticaram uma paralisia cerebral em meu filho de 7 meses. Vista de fora, uma notícia do gênero pode parecer desesperadora. De dentro, é muito diferente. Foi como se me tivessem dito que meu filho era búlgaro. Ou seja, nenhum desespero, só estupor. Se eu descobrisse que meu filho era búlgaro, minha primeira atitude seria consultar um almanaque em busca de informações sobre a Bulgária: produto interno bruto, principais rios, riquezas minerais. Depois tentaria aprender seus costumes e sua língua, a fim de poder me comunicar com ele. No caso da paralisia cerebral, fiz a mesma coisa. Passei catorze horas por dia diante do computador, fuçando o assunto na internet. Memorizei nomes. Armazenei dados. Conferi estatísticas. Pelo que entendi, a paralisia cerebral confunde os sinais que o cérebro envia aos músculos. Isso faz com que a criança tenha dificuldades para coordenar os movimentos. Meu filho tem uma leve paralisia cerebral de tipo espástico. Os músculos que deveriam alongar-se contraem-se. Algumas crianças ficam completamente paralisadas. Outras conseguem recuperar a funcionalidade. É incurável. Mas há maneiras de ajudar a criança a conquistar certa autonomia, por meio de cirurgias, remédios ou fisioterapia.

Um dia meu filho talvez reclame desta coluna, dizendo que tornei público seu problema. O fato é que a paralisia cerebral é pública. No sentido de que é impossível escondê-la. Na maioria das vezes, acarreta algum tipo de deficiência física, fazendo com que a criança seja marginalizada, estigmatizada. Eu sempre pertenci a maiorias. Pela primeira vez, faço parte de uma minoria. É uma mudança e tanto. Como membro da maioria, eu podia me vangloriar de meu suposto individualismo. Agora a brincadeira acabou. Assim que soube da paralisia cerebral de meu filho, busquei apoio da comunidade, entrando em tudo que é fórum da internet para ouvir o que outros pais em minha condição tinham a dizer sobre os efeitos colaterais do Baclofen ou sobre a eficácia de tratamentos menos ortodoxos, como a roupa de elásticos dos astronautas russos usada numa clínica polonesa.

A paralisia cerebral de meu filho também me fez compreender o peso das palavras. Eu achava que as palavras eram inofensivas, que não precisavam de explicações, de intermediações. Para mim, o politicamente correto era puro folclore americano. Já não penso assim. Paralisia cerebral é um termo que dá medo. É associado, por exemplo, ao retardamento mental. Eu não teria problemas se meu filho fosse retardado mental. Minha opinião sobre a inteligência humana é tão baixa que não vejo muita diferença entre uma pessoa e outra. Só que meu filho não é retardado. E acho que não iria gostar de ser tratado como tal.

Considero-me um escritor cômico. Nada mais cômico, para mim, do que uma esperança frustrada. Esperança frustrada no progresso social, na força do amor, nas descobertas da ciência. Sempre trabalhei com essa ótica antiiluminista. Agora cultivo a patética esperança iluminista de que nos próximos anos a ciência invente algum remédio capaz de facilitar a vida de meu filho. E, se não inventar, paciência: passei a acreditar na força do amor. Amor por um pequeno búlgaro. "
















terça-feira, 22 de dezembro de 2009



O FILHINHO DO PAPAI" / Publicado na coluna semanal de "Veja".



“Eu sempre achei que, se tivesse filhos, o ideal seria fazer exatamente como o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, que abandonou os seus num orfanato. Pais costumam ser uma influência nefasta para as crianças. Quanto mais distantes, melhor. Agora que estou esperando um filho, porém, já não tenho mais coragem de aplicar meus princípios pedagógicos. Esmoreci. Virei um pai presente e apreensivo. Pareço mais o tonto do Tony Blair do que Rousseau. Só penso e só falo no meu filho. Uma idéia fixa. Passo o dia com a mão na barriga da mãe, à espera de seus socos e pontapés. Quando vi pela primeira vez o filme Aprile, de Nanni Moretti, em que ele narra o nascimento de seu filho, achei de uma pieguice insuportável. Vi-o novamente na TV, no mês passado, e gostei muito. O filho tornou-me uma pessoa pior, mais molenga, mais acrítica. E ele ainda nem nasceu.



O maior motivo de preocupação em relação ao meu filho é a escola. Recentemente, o ministro da Educação da Itália divulgou uma pesquisa em que se dizia que dois terços dos italianos são analfabetos. Não aquele analfabetismo absoluto, de quem não sabe assinar o próprio nome, mas um analfabetismo funcional: sessenta e tantos por cento dos italianos são incapazes de compreender um texto simples. O número é assustador, considerando-se que, na Itália, a escola é obrigatória até os 16 anos e todo mundo a freqüenta. Nem posso imaginar o resultado de uma pesquisa semelhante no Brasil. Vejo os professores paulistas em greve por melhores salários e logo desconfio que muitos deles sejam analfabetos. Passei por um cartaz dos grevistas com um erro de concordância verbal. No dia seguinte, no Show do Milhão, apareceu uma professora que não sabia o que era o Apocalipse. Ganhou apenas 3.000 reais do programa. É o que ela mereceria receber anualmente. Aliás, se o governo passasse a calcular o salário dos professores de acordo com o que cada um deles ganhasse no Show do Milhão, provavelmente haveria uma boa economia para as finanças públicas.



O melhor, portanto, seria educar meu filho em casa, enchendo-o de livros, mas ele correria o risco de ficar meio isolado. A não ser que eu conseguisse ganhar tanto dinheiro nos próximos anos que ele simplesmente começasse a comprar suas amizades. Não tenho nada contra amizades compradas. São tão válidas quanto quaisquer outras. Basta ter cacife para sustentá-las. É nesse ponto que pretendo garantir o futuro de meu filho. Eu nunca dei bola para dinheiro. Desde que minha mulher engravidou, sonho em ficar rico. Quero encher meu filho de grana, para que ele possa viver na maior vagabundagem e gastar no que quiser. Se quiser perder tudo na roleta do Cassino de Montecarlo, por exemplo, que perca. No dia seguinte, cubro todas as suas dívidas. Se quiser fornecer divertimentos para todo o seu círculo de sanguessugas, que forneça. É ofensivo dizer uma coisa dessas num país de crianças miseráveis, mas meu filho me subjugou. Ele pode fazer o que bem entender. O importante é que volte de vez em quando para casa, para os braços do pai.”






















domingo, 20 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"O papa, em sua eterna cruzada antiaborto, lançou um novo alarme contra o baixo índice de natalidade dos italianos. Eu me pergunto: quem é ele para reclamar que os outros não procriam? Um dos dogmas irrenunciáveis de sua função eclesiástica não é, justamente, a renúncia a ter filhos? O senador e cineasta Franco Zeffirelli foi ainda mais longe, sugerindo que as mulheres que recorrem a abortos sejam decapitadas em praça pública. Desnecessário dizer, claro, que Zeffirelli nunca teve nem nunca terá uma mulher ou um filho. O fato é que, no mesmo período em que o papa e Zeffirelli faziam seus pronunciamentos, fui informado de que minha mulher estava grávida. O meu impulso natural, ouvindo-os, seria correr para o hospital mais próximo. O aborto é legal na Itália, graças a um referendo de 1974. Depois de refletir por alguns dias, porém, acabamos por descartar essa opção. E, em setembro, serei pai.



Eu nunca imaginei que viesse a ter um filho. A recusa da paternidade foi uma das poucas certezas que jamais questionei em minha vida. Eu detesto crianças. Muito melhor do que uma criança é um cachorro. Infelizmente, a probabilidade de que meu filho nasça igual a um basset hound é um tanto remota. Eu também ficaria satisfeito com um filho-tartaruga: toda vez que ele se agitasse demais, bastaria revirá-lo de barriga para cima, e ele permaneceria imóvel, em silêncio, sacudindo os bracinhos.



Imagino que todo pai tenha um medo danado de não gostar do próprio filho. Não deve ser uma eventualidade tão rara assim. Ter um filho, a meu ver, equivale a enfiar um completo estranho dentro de casa. É como se eu convidasse o gerente do meu banco a morar comigo e, ainda por cima, passasse a sustentá-lo. Porque nada exclui que meu filho tenha uma cabeça idêntica a do gerente do meu banco. O que vai acontecer, por exemplo, se meu filho gostar dos filmes de Zeffirelli? O que eu posso fazer para impedi-lo? E se ele tiver o desplante de desaprovar o que eu escrevo? Se não achar graça neste artigo?



A solução perfeita, para contornar esses casos, seria mudar a legislação relativa ao aborto. Na Itália, o aborto é permitido até o terceiro mês de gravidez. Eu estenderia esse prazo até o décimo quinto aniversário da criança. Seria uma arma potentí­ssima nas mãos dos pais. Farí­amos crianças obedientes e solícitas. Aterrorizadas com a possibilidade de que pudéssemos descartá-las de um momento para o outro, elas sempre fariam de tudo para nos agradar. A idéia é muito boa. O único problema seria convencer o papa e Zeffirelli sobre os benefícios da nova lei.



Por fim, minha mulher suspeita que eu tenha concordado em ter esse filho apenas porque não tinha assunto para o artigo desta semana. Parece-me um motivo tão válido quanto qualquer outro. "



Apaixonei-me por Diogo numa manhã de domingo. Foi a primeira vez que li sua coluna da Veja e, diferentemente de outras oportunidades, em vez de me indignar com seu tiroteio sem critérios, admirei nele a coragem de escrever tudo o que eu gostaria de ter dito naquele momento...pois eu também acabara de descobrir que teria um filho.

Assim como ele, nesta altura eu também não sabia que seria  a "coisa" mais importante da minha vida!

NOS PRÓXIMOS DIAS VOU PUBLICAR UMA SEQUÊNCIA DE TEXTOS DE DIOGO MAINARDI A RESPEITO DO ASSUNTO PATERNIDADE EM ÉPOCAS E SITUAÇÕES DIFERENTES...ACOMPANHEM A EVOLUÇÃO!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


O QUE NÃO DEVERIA SER NORMAL...


MAS ACABOU SE TORNANDO!





andar a 20 km por hora dentro da cidade


pagar para estudar


pagar para ir ao médico


pagar para andar na estrada


pagar para não roubarem meu carro


pagar para alguém ficar com meu dinheiro


proibir meu filho de usar pulseirinhas coloridas


proibir meu filho de brincar na rua


proibir meu filho de ter amigos


comprar CD pirata


comprar DVD pirata


comprar remédios pirata


dormir 4 horas por noite


beber 1 garrafa de vinho


não pisar na calçada do meu prédio


não saber o nome do meu vizinho


viver cercado de grades de proteção


ficar 1 semana sem ver meu pai


fechar todos os vidros do carro no semáforo


ter medo de crianças


o Jardim Romano estar cheio de água até hoje


ter medo da polícia


ter medo do futuro


doença do pânico


estress


gastrite


não poder se aposentar


não poder acreditar no país


ter grades nas janelas


leptospirose


dengue


AIDS


arma nuclear


bancar o esperto sempre


furar fila


acostumar com a tragédia


corromper


motoboy


perder amigos


amizade virtual


escrever sem trema


escrever sem letra maiúscula


escrever em ponto final


trabalhar 18 horas por dia


não brincar com meu filho


não estudar com meu filho


não conversar com meu filho


não repreender meu filho


ter 40 pares de sapato


não ter dinheiro na poupança


carnê de 60 folhas


hormônio na carne de frango


açucar no café!



INSTITUTO TOM JOBIM



"O instituto disponibiliza pela internet (no site http://www.jobim.org/), para qualquer interessado, quase todo o arquivo privado do maestro.

São mais de 30.000 documentos de texto, foto, vídeos e áudio. "



"A idéia é que todo o acervo, a não ser coisas muito sensíveis, que podem afetar terceiros, esteja disponível on-line" - diz Paulo Jobim.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


"Os leitores de jornal, alguns dias atrás, foram amedrontados pela imagem de um urso polar canibal. O que eu sei sobre o assunto é que, nos tempos de Giorgione e de William Shakespeare, talvez houvesse menos CO2, mas nós brasileiros já comíamos uns aos outros."



...do impagável Diogo Mainardi

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

não me chame para fazer trilha no mato

não me passe corrente religiosa

não me convide para show de rap

não me mande selinhos

não me dê livros da Zíbia

não me dê braceletes

não me cobre

não me ofereça Amarulla

não me ofereça Pudim de Leite

não me dê rosas de semáforo

não me dê receita de bolo

não me ensine um novo ponto

não me fotografe

não me bajule

não me cutuque

não me conte o último capítulo

não me mande mala-direta

não me peça opinião

não me dê amarelo

não me fale inglês

não me defenda pena de morte

não me venda porcaria

não me prometa nada

não me passe manteiga no pão

não me dê bala de troco

.

.

.

não me esqueça


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009





SONHEI QUE AMAVA O TONY RAMOS!



acordei assustada e pensativa.



não que eu o ache horrível ou repugnante, não, muito pelo contrário.



mas ele não estaria no centésimo lugar na minha lista de preferências.



era um amor louco, me obrigava a todas as loucuras que normalmente a gente faz por amor...



mas com glamour de novela das 8.

ele cheiroso, charmosíssimo, de terno escuro, numa sala de embarque de aeroporto, depois num restaurante de um refúgio charmoso de praia.



incrível o que pode habitar nosso subconsciente!



algum psicólogo de plantão???







domingo, 13 de dezembro de 2009


FELIZ ANO IGUAL!








Algumas previsões para 2010:





vai começar em 1 de janeiro


com Show da Xuxa


acabar em 31 de dezembro


com Show da Xuxa


vai chover muito em janeiro


dia 5 terei 38 anos


crises políticas no Oriente Médio


palhaçadas na América do Sul


uns ficarão mais pobres


os mais ricos...ainda mais ricos


vou ter umas 12 crises de TPM


começar uns 48 regimes


(1 para cada segunda-feira)


descobrirão alguma nova estrela


uma nova doença


uma nova espécie de peixe


muitos vão morrer sem assistência da saúde pública


o governo vai dizer que está tudo bem


crianças vão ficar sem escola


o governo vai dizer que está tudo bem


o Jardim Romano vai encher de água


o governo irá dizer que está tudo bem


nossas casas e carros serão roubados


o governo irã dizer que está tudo bem


Ana Maria Braga vai casar de novo


Fábio Jr vai se separar


 e casar de novo


vamos comer, beber e respirar futebol


vamos assistir Eclipce, Harry Potter


e outras continuações


vai terminar a novela das 9


e começar outra exatamente igual


alguns políticos corruptos aparecerão no Fantástico


outros corruptos não aparecerão no Fantástico


tudo vai terminar em pizza


alguém vai ganhar a eleição presidencial


e o vice irá assumir


teremos novos brindes no Mac Lanche Feliz


vou sorrir com minha família


a mesma família que me fará chorar


a Avon lançará uma nova fórmula mágica contra o envelhecimento


a Seda vai lançar mais 4.546 tipos de shampoo


vão surgir mais 1.345.678 modelos de celular


vou tomar multas de trânsito


vou dirigir bêbada


vou me arrepender de ter falado demais


vou me arrepender de ter falado de menos


a temperatura do mundo irá subir alguns milésimos (ou centésimos?)


alguns ursos polares ficarão sem casa


moradores do Jardim Romano ficarão sem casa


teremos trânsito e enchentes em São Paulo


os moradores do Morro do Macaco


continuarão não vendo nada, não ouvindo nada


os ratos continuarão morando nas selas


da Penitenciária Feminina de Santana


e o governo dirá que está tudo bem


alguém ficará famoso por fazer algo idiota


balas perdidas serão encontradas por inocentes


mas no fim vai dar tudo certo


porque afinal nosso presidente prometeu


que vai tirar nosso povo da MERDA!








sábado, 12 de dezembro de 2009

maria é grande
grande na alma
maria sorri
mas eu sei que chora
como chora maria
chora medos
chora quieta
em segredo
frustrações e perdas
maria é linda
é querida
mesmo sendo maria
é unica
maria usou tamancos
foi à pé
pé na enchorrada
maria seria canhota
casou virgem
nunca fez planos
dá aos outros os presentes que ganha
diz "tudo bem" sempre
mesmo que não esteja
come fruta do conde
se queimou com água fervendo
maria só teme as baratas
sobretudo as voadoras
vive para suas mulheres
sobretudo por uma delas!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

não deu tempo de fazer rascunho
2009 saiu rabiscado, borrado
feio e errado
sem sequência ou lógica
página amassada, esticada
sofrida e rasurada
surrada
lida e relida
sem lógica
2009 deixa sua página
no livro da vida!

sábado, 5 de dezembro de 2009

"E o que ele via não era bonito, nem bom, nem ruim, nem feio, era o que fatalmente a vida fizeram dele e sobretudo o que fatalmente ele fizera da vida. E aí vem o problema: até que ponto fora fatal o que ele fizera na vida e esta dele? Até que ponto houvera escolha? Estou me confundindo toda com esta história que jamais escreverei." Clarice...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009



"...Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente." Clarice...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009





"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter a loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." Clarice...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

" Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa." Clarice...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009


"Mas devo avisar. Às vezes começa-se a brincar de pensar, e eis que inesperadamente o brinquedo é que começa a brincar conosco. Não é bom. É apenas frutífero."
Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...
Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...
Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...
Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...
...para minha querida irmã...

sábado, 28 de novembro de 2009


"Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria o âmago dos outros: e o âmago dos outros era eu." Clarice...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"Suponhamos que eu seja uma criatura forte, o que não é verdade. Suponhamos que ao tomar uma resolução eu a mantenha, o que não é verdade. Suponhamos que eu escreva um dia alguma coisa que desnube um pouco a alma humana, o que não é verdade. Suponhamos que eu tenha sempre o rosto sério que vislumbro de repente no espelho ao lavar as mãoes, o que não é verdade. Suponhamos que as pessoas que eu amo sejam felizes, o que não é verdade. Suponhamos que eu tenha menos defeitos graves do que tenho, o que não é verdade. Suponhamos que baste uma flor bonita para me deixar iluminada, o que não é verdade. suponhamos que eu finalmente esteja sorrindo logo hoje que não é dia de eu sorrir, o que não é verdade. Suponhamos que entre meus defeitos haja muitas qualidades, o que não é verdade. Suponhamsoq eu eu nunca minta, o que não é verdade. Suponhamos que um dia eu possa ser outra pessoa e mude de modo de ser, o que não é verdade." Clarice...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entando, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquelo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano - já me aconteceu antes. Pois sei que - em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade - essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama. Deus, que ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém." Clarice.....

terça-feira, 24 de novembro de 2009


Naquela época mãe era mãe. Mãe não era amiga, e isso não era ruim. Não era amiga, mas era mais mãe do que somos hoje.
Naquela época, os amigos eram reais e não virtuais. No dia do aniversário, a gente se reunia, comia bolo e cantava parabéns...ainda não existia e mail.
Naquela época, as lojas não abriam aos domingos. Domingo era dia de ir na madrinha. O pai parava na banca de jornal da praça para comprar o "Estadão", enquanto a mãe ia ao caminhão de frutas comprar uma melancia ou um sacão de laranja bahia. A madrinha fazia lazanha com frango assado e a vó...ah, a vó...fazia aquele bolo mesclado com aquela casquinha durinha. Era dia da criançada brincar de queimada e barra manteiga no quintal e voltar dormindo para casa. A gente sonhava com a "Beijoca", mas a prima mais velha não deixava nem chegar perto.
Os supermercados, que ainda não eram "hiper", só abriam de dia e os sacos eram de papel, muito usados inclusive por pintores de parede.
Não pagávamos estacionamento nos shoppings. Quase ninguém tinha carro zero e nem carnês com 60 parcelas. As pessoas tinham cadernetas de poupança e também de "mercearia".
Comíamos doce de banana dentro de casquinhas de sorvete. Fruta do pé. Chiclete só tinha de tutti-fruti ou hortelã, mas já tinha figurinha.
Os telefones não tinham teclas. Tínhamos que colocar o dedo e rodar o disco...era triste quando o número do telefone tinha o número zero.
As TVs não tinham controle remoto, mas também nem precisava, tínhamos apenas quatro canais. Ainda não existia a Internet. Já existia a Barsa e a Coleção Conhecer.

domingo, 22 de novembro de 2009

repostagem... Ainda ontém a vó escolheu o feijão na mesa da cozinha de azulejos amarelos enquanto moeu o pão torrado em farinha. A mãe fez um bolo de noiva do tamanho de uma porta e os enfeitou-o com mágicas fitas de coco. Ainda ontem o vô gigante andou as voltas com latas de tinta e cimento, dias e dias a construir uma nova parede. Ainda ontem subimos na cerejeira e deixamos que ela manchasse nossas roupas. Ainda ontem comi torradas de pão francês com geléia de morango. Ainda ontem furei minhas orelhas e virei mocinha. Ainda ontem colei bolinhas de papel crepom no desenho da coruja. Voei pendurada no salgueiro do pátio da escola. Ainda ontem sujei minhas mãos tentando prender a corrente da bicicleta azul. Ainda ontem escrevi uma carta jurando amizade eterna para minhas melhores amigas. Ainda ontem brinquei com os primos atravessando o portão secreto que une os dois quintais. Ainda ontem chegou em casa o primeiro aparelho de telefone. Ainda ontem me tranquei com a prima no quarto verde e prendi meu dedo no balanço. Ainda ontem sonhava em ser arquiteta, fotógrafa e filósofa. Descobri que meu pai não era o super homem e que eu não queria ser minha mãe quando crescesse. Ainda ontem nossa casa tinha apenas um banheiro, papel de parede com flores e carpete marrom. No quarto da mãe tinha um espelho mágico e gigante. Ainda ontem a irma mais nova chegava embrulhada num chalé de crochet. Ainda ontem eu acreditava que o Papai Noel fosse atender a todos os meus pedidos, pois eu era uma boa menina. Ainda ontem acreditava que o futuro seria a simples realização dos meus sonhos. Ainda ontem senti medo e segurei na mão do meu pai. Ainda ontem a vó botava o feijão no fogo...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009









Citando "Diogo"...hoje, não sou mais dona da minha vida. Hoje quem manda nela é você. Por você, só por você daria minha vida. Só por você eu morreria. Só você é insubstituível. Por você eu vou ou não. Fico ou não. Vivo ou não. Por você eu durmo ou não. Vivo a noite simplesmente admirando os cachos dourados que enfeitam o travesseiro enquanto você dorme. Descobri o verdadeiro significado do amor (ou algo até mais poderoso) no fundo dos seus olhos quase claros. É encantador seu jeito objetivo de ver o mundo, descobrir que você sabe o que é "espiráculo" e eu não. Suas dúvidas e certezas. Suas convicções e sonhos. Seus segredos e suas primeiras paixões. Seus desenhos. Suas primeiras palavras. A vida que você monta dentro da sua casinha de bonecas. A segurança que você busca em mim, mesmo sabendo que eu não sei tudo...ou não sei quase nada. Seu beijo tem o remédio mais poderoso para todas as minhas dores e tristezas. Me apavoro quando seu olhar busca minha aprovação. Seu sorriso com um dente e meio me traz a certeza de que nada, absolutamente nada mais me importa. Pode ser que amanhã você calce um escarpin vermelho de salto alto e corra pela vida, me esquecendo numa velha cadeira de balanço...é a vida, mas tudo terá valido a pena. Cada olhar, cada gargalhada, cada lágrima, cada palavra falada ou não.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"Eu gosto de longas caminhadas...principalmente quando elas são feitas por pessoas que me perturbam"

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

repostagem...
Vida normal. Sem grandes emoções, nem grandes tristezas...não guardo grandes perdas...nem tampouco grandes vitórias. Tudo coube (até então) em 3 diários de papel.
O primeiro viveu numa brochura. A capa eu mesma fiz com papel espelho, que não era espelhado (um dos mistérios da minha infância) mas era cor de rosa. Guardou versos sublimes do alto da sabedoria dos meus 12 anos...guardou também as lágrimas de meus amores impossíveis. Aquele que foi embora, morar a longinqüos 20 kilômetros de distância. Hoje agradeço, se tivesse ficado teria se tornado mais um rosto no bairro como tantos outros rostos. Também teria envelhecido. Casado, separado...nos encontraríamos no sacolão do bairro no final de semana. Você vestindo uma camisa de time, carregando 2 filhos num carrinho de mercado...Tenho certeza: é melhor que tenha ido. Ficou na minha imaginação como um príncipe encantado, um amor impossível. Isso dá muito mais poesia.
O segundo nasceu depois de 20 anos. Na capa um anjo renascentista. Nasceu da necessidade de registrar outras experiências. Nem tão minhas assim. Nasceu num final de semana, de uma estripulia. Este guardou momentos densos - já mais adulto (sem papel espelho cor de rosa) registrou perdas...muitas perdas. Registrou desastres mundiais, crises políticas e conjugais, registrou inícios e fins. Um palito de sorvete, um tichets de cinema, teatro infantil, os primeiros desenhos, alguns recortes de jornal,"A FOLHA DE UM PLÁTANO"...de um final de semana especial. Esse virou uma triste lembrança...suas folhas se espalharam numa estrada...na sua esperança de me arrancar minhas lembranças...em vão...elas continuam comigo. Minha pior lembrança sua. Depois deste dia tudo mudou...o que eu sentia por você se espalhou junto com as folhas ao longo da estrada...sumiu como aquela tão especial "folha do plátano".
O terceiro nasceu desta lembrança. Amarelo. Agora um fichário. Assim posso destacar lembranças que não me fizeram bem...sem prejudicar as outras. Abrir os ganchos e me desfazer das tristezas...deixar somentas as páginas felizes. É uma grande evolução.

sábado, 14 de novembro de 2009

repostagem...
Pela primeira vez, chorei de saudade daquela noite. Muito quente, tínhamos acabado de sofrer nossa primeira separação. Há meses já te sentia me sufocando, em alguns momentos de desespero, quase anciei por aquele momento. Foi uma separação tranqüila, silenciosa. Eu quase inconsciente, você assustada, surpreza e insegura. Assisti deitada, imóvel, seus olhos se afastarem de mim pela primeira vez. Seu choro abafado parecida me pedir socorro, mas eu não podia me mexer. Tanta emoção num momento tão breve. Nosso cordão vital sendo rasgado bruscamente. Após sua partida passei a noite toda sentada na cama, olhando para a porta, meu corpo doía, meio drogada, havia sangue para todo lado. Impaciente e insegura te esperei, sabendo que a qualquer momento você entraria pela porta, já parecendo outra pessoa. Não sabia exatamente o que esperar. Você já respirava por si própria. Minha ansiedade já deixava claro que algo tinha mudado, que a partir daquele momento eu nunca mais poderia ser a mesma pessoa. Já não poderia ser a mesma pessoa sem você. A partir daquela noite, você havia me roubado o direito de pensar em mim antes de pensar em você. Durante tanto tempo fomos uma pessoa só. Trocamos emoções, sangue e oxigêncio. Todo o resto do mundo à margem desta nossa cumplicidade vital e agora, assim, sem sentido nenhum você resolve sair desta relação, me deixando com um vazio imenso dentro de mim. Sua partida deixou em mim uma cicatriz eterna. Cicatriz que me lembrará todos os dias da minha vida do momento da sua partida. Dizem que o amor é um sentimento incondicional. Se, da sua partida dependia sua vida, então nada me restava senão aceitar sua partida. Deixei que você partisse para o mundo, que fosse plantar suas próprias alegrias e incertezas. Descobrir suas próprias verdades, ter suas próprias cicatrizes. Na verdade a cada dia te vejo mais pronta para a vida. Nos seus momentos de medo e anciedade, penso na cicatriz, e desejo te colocar dentro de mim de novo. Desejo te proteger da vida. Nessa momento encorajo seus passos e fico anônima nos bastidores.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

outra repostagem...

Voltei, pra te ver de novo!
Logo após minha saída apressada, grande tristeza me tomou.
Tristeza por ter te deixado sozinha, chorando ao pé da janela.
Quanta indiferença a minha.
Estiquei meu pescoço para tentar espiar o que te machuca neste pedaço de papel.
Talvez uma foto antiga, amarelada, que você desesperadamente tentar iluminar nesta fraca luz que vaza da janela.
O papel parece ter um carimbo postal.
Alguém distante manda notícias?
Alguém distante avisa que não volta mais?
Outro avisa que alguém não existe mais...
Talvez um poema. Talvez uma promessa de amor.
Solidária, tento remexer o baú quase escondido no canto do aposento.
Esperança de encontrar dentro dele o motivo da lágrima iluminada no seu rosto.
Entender o grito de dor que você tenta abafar com o seu xale negro.
O porquê do luto.
Queria poder te apoiar, te confortar.
Impotente, me sentei à sua frente, curvada de tristeza e sofri quieta com você.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

repostagem...

"...Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo..."
"Naquela época" seus sonhos nasciam de pedacinhos de carvão nas tábuas antigas da casa simples...Séculos mais tarde, depois de você e de mim, sangue do seu sangue viaja em papel reciclado e lápis de cor Faber Castel ...
Morde os lábios e aguça o olhar. Cabeça apoiada na mão esquerda (contra a minha vontade, você nasceu destra) numa postura limite entre o cansaço e o devaneio busca as cores dos seus sonhos.
Casas que "não tinham teto, não tinham nada"... "peixes vivendo fora da água fria".
Os Moais da Ilha da Páscoa são registrados a espera de uma conclusão ..."será que foram mesmos os extra terrestres?"Veleiros em alto mar. Estradas com faixas amarelas. Pontes e lagos.
Sol, chuva e arco-íres..."não tem problema né?"...barbatanas e nadadeiras coloridas, sol amarelo com raios cor de laranja, balanço feito de pneu..."p mudo, engraçado"..."gente não devia ter queixo nem nariz...é muito feio", "cor de pele"...todas as peles têm a mesma cor? ... o irmão cada vez mais distante, árvores híbridas dão maçãs e nozes..."são para os esquilos". Ninguém deveria viver sem um lápis cor de rosa...
Outros admiram de longe. Não conseguem nadar nos nossos mares, subir nas nossas montanhas, viajar nos nossos dirigíveis.
Lá estão suas obras de arte, afixadas com imãs na geladeira.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


18,3 mil foram condenados por tentativa de fuga
302 eram as torres de controle
259 cachorros faziam a guarda
20 bankers
43,1 km era a extensão do muro que separava Berlim Oriental da
Ocidental
14 mil eram os guardas do muro
239 pessoas morreram tentando cruzar os muros
3221 pessoas foram detidas perto do muro
4,2 m era a altura máxima do muro em alguns pontos
28 anos foi o tempo que o muro ficou de pé
5043 foram as tentativas de fuga
8 linhas de trem, 4 de metro, 193 ruas e avenidas eram
interrompiadas pelo muro
155 km era o tamanho do muro que circundava Berlim Ocidental,
isolando-a da Alemanha Oriental

terça-feira, 10 de novembro de 2009


Autor da biografia de Clarice Lispector vai ao ‘Manhattan Connection’

O “Manhattan Connection”, que vai ao ar no domingo, dia 8, recebe Benjamin Moser, colunista da Hapers Magazine e crítico do New York Review of Books. O convidado acaba de lançar “Why This World”, biografia da escritora Clarice Lispector, que deve ser lançada ainda este mês no Brasil.




Para lembrar os 200 anos de Darwin e os 150 anos de publicação
da "Origem das Espécies"
...se ela soubesse subir em árvores, não precisaria ser tão
pescoçuda...
................
fotos da mais nova descoberta: http://fottus.com/

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ainda na sequência das "repostagens"!







E SE EU MORRESSE AMANHÃ? não, não se anime, não vou me desmanchar num testamento choroso e nobre, cheio de histórias e saudades, não. não seria tão presunçosa assim. vamos a parte prática da coisa, o lado egoísta de quem pensa, as vezes...só as vezes..."como o mundo poderia viver sem mim?".


e se eu morresse amanhã? falecesse, virasse purpirina ou adubo? quanto tempo levariam as providências práticas...por favor me "cremem"...tudo bem, sei que é caro, triste...mas ferre-se...por favor não se atrevam a não respeitar esse (e alguns outros) último pedido. ouvi dizer que só se pode cremar depois de algumas horas, não sei quantas. isso talvez me dê algumas horas para o caso de eu mudar de idéia.


quem será que terá a nobreza de cuidar do que sobrará de mim...espero morrer de uma doença que não me ferre ainda mais meu corpo. quero ser um defunto bonitinho, aquele que quando o povo olha diz (sempre diz)..."olha ... está com um semblante tranqüilo..."


L. estará muito abalado. do jeito que gosta de planejar tudo... vou acabar fedendo. minha mãe nunca se recuperará. minhas irmãs - só contem com elas se for dia de semana, fim de semana, nem pensar...é, vai sobrar para meu pai..."vou de táxi...você sabe..."melhor lembrar de deixar um boleto assinado.


em quanto tempo farão um bazar com minhas roupas e sapatos? espero que M. fique com minhas (pouquíssimas) jóias, meu edredon e minha bonequinha vermelha....só, não quero deixar muita coisa para ela ter que carregar. em quanto tempo sumirão com minhas fotos, para se evitar lembranças tristes? não quero pensar em outros detalhes.


quantas pessoas irão até Itapecerica marcar o ponto ou retribuir visita (que costume estranho esse também)...melhor não arriscar, Itapecerica é longe para caramba pode afetar minha popularidade, me coloquem no Araçá...mais central, com condução fácil e lanchonete do lado.


não gosto de praia nem de montanha o suficiente para uma homenagem, melhor jogar minhas cinzas na higiênica do gato, pelo menos assim minha vida tem que ter servido para alguma coisa.


quem ficará com meu carro? e com o carnê? será que o banco perdoa a dívida? duvido! ferre-se...fiador, se prepare.


quase ninguém sabe do blog...quem sabe então, deixe um comentário avisando...quem sabe uma alma nobre não dedica um post a mim.


tenho médico dia 25, por favor desmarquem...não quero ocupar vaga de ninguém que, com certeza, vai precisar mais que eu.


vou deixar algumas pendências, não tem jeito, por mais que a gente faça sempre sobra algo a fazer. já fiz um monte de coisas da qual me orgulho (agora não me ocorre nenhuma, estranho) e um outro monte (talvez um pouco maior) das quais me envergonho...essas eu conto em detalhes se alguém quiser saber.


a Fontana de Trevi terá que sobreviver sem minha visita. Cristo Redentor também. Não terei tomado café da manhã com a camisa azul do Diogo Mainardi.


para minha lápide deixo algumas opções...democracia até na hora da morte?..."Nada a declarar", "Se eu não estou ao seu lado, alguma coisa deu errado", "Espere até chegar em casa para falar mal de mim"...


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Apesar de conviver com você há tanto tempo, hoje descubro que sei muito pouco de você.Te culpo pelas conseqüências que hoje carrego de decisões que você não tomou...e também de decisões que você tomou.
Te culpo pelos milhares de cursos que você começou e não concluiu.
Por não falar outro idioma. Ser limitada intelectualmente e ter péssima memória para nomes e datas.
Te culpo por essa insegurança que te faz refém de eternos sins...
para todo mundo, o tempo todo.
Te odeio por você nunca ter tido coragem de pegar um avião sozinha
e passar um dia no Rio de Janeiro.
Te culpo pelas dores de dente que tenho hoje, o motivo?
É óbvio que você sabe qual é.
Te culpo pelo seu senso de humor descalibrado e descabido...
e pela sensação ridícula que você tem de que isso a torna popular. Odeio sua mania irresponsável de abrir sua vida a todos...indiscriminadamente.
Odeio o talento que você adquiriu de conviver com pendências.
Queria que você pudesse pensar, falar e fazer uma coisa de cada
vez...quem sabe as coisas não seriam mais bem feitas.
Odeio sua incapacidade de comer apenas um Bis, um Mentex,
de tomar um café, uma cerveja.
Odeio sua incompatibilidade com a moderação.
Odeio os quilos que você ganhou e hoje sou obrigada a carregar.
Odeio a forma que você provoca e foge de fortes emoções.
Odeio sua postura simpática e polida.
Odeio o fato das pessoas não perceberem
o quanto você pode ser calculista.
Odeio sua mania de organizar a vida em caixas.
Odeio sua incapacidade de esperar.
Odeio a forma como você trata sua família.
Te odeio pelo tempo da minha vida que você perdeu
cuidando de negócios.
Odeio sua incapacidade de alimentar planos a longo prazo.
Te odeio por ter-se deixado apaixonar perdidamente e ter
permitido que isso virasse sua vida de cabeça para baixo.
Odeio ter consciência de que,
apesar de conviver com você a cem mil anos,
sou incapaz de prever seu próximo passo.




terça-feira, 3 de novembro de 2009

quando Bebé era pequenininha adorava ver os "101 Dálmatas".
via e pedia para repetir...de novo, de novo e de novo...
na sequência onde os cãezinhos estão no frio ela pedia para "funcionar"...
e lá íamos correndo apertar o "FF" do controle remoto e acabar logo com o sofrimentos dos pobres cachorrinhos.
êta que eu ando precisando desse botãozinho ultimamente!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

SABEDORIA 1
Cada um com seus problemas!
SABEDORIA 2
É impossível fazer um omelete sem quebrar os ovos!

sábado, 24 de outubro de 2009

FUTURO!
24 de outubro de 1988....
esta manhã acordarei com frio na barriga.
sou uma menina romântica de 16 anos.
não vou poder imaginar o que acontecerá nesta noite.
a vida não prepara a gente.
esta tarde será interminável.
vou me preocupar com minha franja,
a espinha que nasceu no meu rosto ontém a noite, meu cheiro, minha voz e meu futuro...sem saber qual será esse futuro.
no início da noite vou te ver de longe.
no meio da multidão.
será que ela também estará na multidão?
vou sumir no mundo com você.
acreditando que só existe nós dois agora.
esta noite vou deixar você falar baixinho no meu ouvido.
vou aceitar o seu convite em silêncio.
vou estender minha mão e simplesmente te seguir.
esta noite vou te seguir até o andar deserto.
vou entrar com você na sala escura sem saber o que irá acontecer.
sem saber que meu futuro terá início nesta sala.
esta noite vou deixar que a irresponsabilidade tome conta de mim.
não vou pensar.
não vou calcular riscos...vou viver este momento como nunca vivi.
esta noite vou te olhar de perto e me deixar abraçar.
esta noite vou beijar o primeiro beijo da minha vida.
esta noite vou perder o controle e me deixar controlar.
sem ensaios.
sem rodeios.
performance perfeita de hormônios juvenis.
esta noite vou estar com o menino que será o homem da minha vida.
vou deixar que ele me beije numa sala de aula escura.
nós dois envoltos em lençois.
esta noite me tornarei a mulher da sua vida.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

não posso viver sem minha "xicrinha" de café pela manhã
não posso viver sem desenhar
não posso viver sem ouvir Alcione
não posso viver sem minhas irmãs
não posso viver sem esmalte vermelho
não posso viver de brisa
não posso viver sem o "google"
não posso viver sem "gnt"
não posso viver sem bota de bico fino
não posso viver sem vinho tinto
não posso viver sem Toquinho
não posso viver sem meu "pilili"
não posso viver sem planejamento
não posso viver reclamando
.......................................................................
dispenso balada puts puts
dispenso manteiga
dispenso esmalte cor de rosa
dispenso encontro de negócios
dispenso coquetel de frutas sem álcool
dispenso calça branca
dispenso pulseiras
dispenso todo tipo de chá
dispenso todo tipo de gente que não tem o que dizer
dispenso bolsa pequena
dispenso exame de rotina
dispenso molho branco e todo tipo de pudim!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

acho difícil mudar

mudar marca do shampoo

mudar de lado da cama

mudar de amor

mudar a direção

mudar de casa

mudar cor do esmalte

mudar de opinião

para mim

mudar é sempre um problema

terça-feira, 13 de outubro de 2009

é que a vida me roubou o tempo
e a noite me roubou o sono
e as rugas na testa me roubaram o sorriso
mas as ondas me empurraram de cara na areia
areia salgada, mas quase seca
tiro o nariz da água
para enfim...respirar!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Que espírito´pode ser tão vazio e cego a ponto de não entender que o pé é
mais nobre que o sapato, e a pele mais bela que a veste que a cobre?

Michelangelo

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

já fui traída
já fui roubada
já mentiram para mim
já me iludiram
já me decepcionaram
já mudaram de calçada para não me encontrar
já desligaram na minha cara
já me excluíram do MSN
já identificaram meu número
já mandaram dizer que não estavam
já mandaram dizer que estavam em reunião
já colocaram meu nome na boca do sapo
já tiveram inveja de mim
já me amaldiçoaram
já bateram no meu carro
já me chutaram
já me odiaram
já me esqueceram...
E EU SOBREVIVI!
De tudo ficam três coisas:

A certeza de estarmos sempre começando
A certeza de que é preciso continuar
E a certeza de que podemos ser
interrompidos antes de terminarmos.

Portanto:

Faça da interrupção um caminho novo,
da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte,
da procura um encontro.

Fernando Sabino

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

educadamente pergunto ao visinho de vaga que chega quase no mesmo instante que
eu:

(eu)- oi, tudo bem?

(ele) - não, não está.

perplexa com a resposta páro com ar de dúvida:

- como???

- vocês bateram no meu carro!

- como????

me dirijo desesperada para avaliar o dano - que pela expressão dele deveria ser
gravíssimo. acompanho-o até o pára choque do veículo e tento descobrir a avaria.
depois de localizar o risco (ridículo) tento argumentar que, apesar da bicicleta
da minha filha estar parada na minha vaga (ao lado da dele) - a vaga fica livre
o dia todo portanto não teria porque ela encostar tanto no carro dele ao parar.

(ele) - o meu carro está parado aqui na garagem há 15 anos - só pode ter sido
aqui que aconteceu.

(eu) - nem estou duvidando da sua palavra, mas você viu o acidente acontecer???

(ele) - não, não vi. mas não vejo outra explicação.

claro que depois disso a conversa descambou para o "barraco geral" e subi para o
apartamento com o choro (de ódio) entalado na garganta.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

numa mesa redonda, 6 executivos discursam longamente sobre as alegrias e
desgraças de seus novos "blackberrys". um deles revela que leva o brinquedinho
para a cama e, que na eventualidade de ser asseadiado por sua esposa, dá
preferência ao novo brinquedo. o mesmo senhor comenta (com falsa naturalidade)
que esteve em um "resort" nos States e que proibiram a entrada do aparelhinho
alegando que seria um local de descanso. a expressão dele era de total pânico ao
relatar que o tinham separado tão brutalmente de seu "bichinho virtual" tudo
isso sob um figurino a la "donald trump".

deslocada, cansada, desolada, equilibrando-me em cima de um maldito
salto agulha, tento driblar a tontura da pré-inanição assistindo
atônita a tudo isso...e enfim chego ao meu limite.
também fantasiada de "gente importantíssima e ocupadíssima" refugio-me no
ambiente meio escuro do restaurante do hotel e ao som de música ao vivo
permito-me ao carpaccio mais caro da minha existência. 3 pedaços de um parmesão
duro, 2 folhas de rúcula e um fundo quase transparente de carne vermelha boiam
nos meus tão riquinhos 56 reais.

cé la vie.

como costume dizer...ainda não tenho dinheiro, mas já estou treinando o comportamento!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

- mamãe??
- hã!
- comer gasta energia?
- gasta
- respirar gasta?
- gasta
- que mais???
- Maria! Viver gasta energia!

domingo, 23 de agosto de 2009

confirscaram-me lembranças
já não tenho controle sobre todas as memórias que gostaria
remexo fotos e dados e já não me lembro
de ter fotografado ou de ter escrito
não me lembro de ter estado lá
não me perguntaram quais lembranças eu queria despresar
e quais delas eu precisaria manter
arbitrariamente, invadiram minhas memórias
e fizeram uma faxina irresponsável!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

extraído (ou chupado) do livro...Mania de Explicação de Adriana Falcão




"Dedicatória é quando todo o amor do mundo resolve se exibir
numa só frase:

Filósofo é quem, em vez de ver televisão prefere ficar
pensando pensamentos.


Irritação é um alarme de carro que dispara
bem no meio do seu peito.


Solidão é uma ilha com saudade de barco.


Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para
acontecer de novo e não consegue.


Lembrança é quando, mesmo sem autorização,
o seu pensamento reapresenta um capítulo.


Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer
"eu deixo" é pouco.
Pouco é menos que metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos
dentro da sua cabeça.
Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda
sair do seu pensamento.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Dificuldade é a parte que vem antes do sucesso.
Sucesso é quando você faz o que sabe fazer
só que todo mundo percebe.
Antes é uma lagarta que ainda não virou borboleta.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer,
mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando o seu coração dá um pulinho no futuro e
volta rápido.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre
para o que quer que seja.
Raiva é quando o sentimento que mora em você
mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta o seu coração.
Alegria é um bloco de carnaval que não liga
se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Gostar é quando acontece uma festa de aniversário
no seu peito.
Amor é um gostar que não diminui
de um aniversário para o outro.
Não. Amor é um exagero...
Também não. É um desaforo...
Uma batelada? Um enxame, um dilúvio,
um mundaréu, um insanidade, um destempero, um despropósito,
um descontrole, uma necessidade,
um desapego?
Talvez porque não tivesse sentido,
talvez porque não houvesse explicação,
esse negócio de amor
ela não sabia explicar,
a menina."