
Folheando as que seriam então as 40 primeiras páginas não consido encontrar muitas que mereçam um post-it de marcação. Tive poucos momentos dignos de um post. E isso fica mais do que óbvio pela regularidade de postagens neste meu tão abandonado blog. A vida "das pessoas" sempre me parece tão mais interessante que a minha...
Levando em consideração o fato de que, as folhas entre os 20 e os 30 deveriam ter sido as mais agitadas, entro em pânico. Pois, a tendência é que as próximas sejam ainda mais irrelevantes.
Fiz poucas viagens, li poucos livros, não escrevi nenhum, só tive uma filha, nunca plantei uma árvore. Eta vidinha besta.
Tenho cerca de 100 "amigos" no meu facebook, com mais de 50 deles troquei menos de 50 palavras durante minha vida toda. Perdi amigos fantásticos pelo caminhar da vida. Deixei de ganhar vários também por falta de dedicação.
As fotos afixadas no mural do corredor me prendem a cada passada. As memórias dos momentos registrados vão sumindo aos poucos, e eu já não lembro de ter estado naquelas fotos. Os momentos já deixaram de existir pois deixaram de existir como lembrança pra mim. Se pudesse ser visual, minha imagem deveria ir sumindo das fotos conforme minha lembrança do momento fosse sumindo da minha memória. Muito triste essa constatação. A sensação de deixar de existir. Estive uma vez em Paris. Me sobraram tão poucas lembranças de lá. Alguns dias ensolarados. Caminhar sob os arcos da Rue de Rivoli apreciando a vista da fachada do Louvre à minha esquerda. Os jardins de Versalles, os anjos. Um diário de viagem de capa verde perdido em alguma caixa.
Uma sensação de vazio tem me assombrado. Sensação de estar perdendo minhas memórias. Sensação de uma vida de rotina besta que não está me dando chances de colecionar novas memórias.
Vejo as fotos de minha bebê Maria, que não existe mais e sofro também. Eu não tenho mais uma bebê. Ela não existe mais. Não senta mais no meu colo, não precisa mais de mim para se alimentar, nem para ter suas próprias opiniões, nem para pegar o elevador e ir até a casa da amiga. Aos poucos vai me deixando, como minhas memórias de Paris.
Meus pais também vão sumindo. Aos poucos vão deixando de ser pais para se tornarem, cada vez mais, filhos. Filhos a serem cuidados.
Meu reflexo no espelho do balcão da padaria hoje, denunciou dois grandes vincos no meu rosto além de olhos cansados. Uma imagem não exatamente animadora para um café da manhã.
Sigo meus dias de aflição tentando segurar entre os dedos lembranças que já não tenho mais. Não posso negar que estou triste e desanimada.
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