"A menininha atirada no minúsculo jardim de seu edifício, ainda viva, ficou ali por muito mais que três minutos.
Imagino sua alminha atônita e assombrada, no escuro.
Ainda presa ao corpo, ainda presente.
Na loucura que o caso provoca, porque ela poderia ser nossa criança sobre todas as coisas amada, o que mais me atormenta é a sua solidão.
Não a vi, em nenhum momento, abraçada, levada no colo por alguém desesperado que tentasse lhe devolver a vida que se esvaía, que a cobrisse de beijos, que a regasse de lágrimas, que a carregasse por aí gritando em agonia e pedindo ajuda.
O que teria feito a pobre mãe se estivesse presente.
Estava ali deitada, a criança indefesa, como um bicho atropelado com o qual ninguém sabe o que fazer.
Estava ali deitada, a criança indefesa, como um bicho atropelado com o qual ninguém sabe o que fazer.
Na nossa sociedade, em que as sombras mais escuras do nosso lado animal andam vivas e ativas, lá ficou, por um tempo interminável, caída, quebrada, arrebentada, e viva, a menina quase morta.
Sozinha."
(Lya Luft)
Eu não conheci "Isabela", essa personagem
sorridente que entrou nas nossas vidas nos últimos dias.Eu não conheci "Isabela", mas conheço outras
Isabelas...Nos últimos dias, por duas vezes, chorei pela
"Isabela" e por outras Isabelas.Chorei quando, acidentalmente, vi um pequeno
trecho da reconstituição do crime, que era incansávelmante transmitido pela TV.Chorei quando li oque Lya Luft
escreveu.
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