domingo, 30 de outubro de 2011
Falando muito, dizendo pouco!
Queria ter um milhão de palavras ou apenas uma que dizesse o que eu não quero dizer. de dentro do meu silêncio, me parece, que tenho falado muito e, efetivamente, dito muito pouco. Feito menos ainda. incômoda sensação. Perda de tempo e disperdício de palavras. Hoje, brinco melhor com as palavras. Bordo-as, combino-as. Faço com que dancem ao meu bel prazer. Nesta dança, muitas vezes perco-me. Um perder-se bom. Como estar girando sendo segura pelas mãos da mãe. Um tontear que desnorteia mas é seguro. Hoje sou mil palavras, como se estivessem toda a me sufocar. Não há sentido em falar porque não há o que dizer e, o que há, não deve ser dito. Deve-se silenciar. Fato incontestável é que todo texto tem um fim e que, a evidência desse fim, torna tudo sem sentido. Um trovador solitário sem o que comunicar, nem a quem, nem porque. Cantando segredos surdos. Sigo, feito poesia concreta de palavras salpicadas umas sobre as outras. E só.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Clarissa....
"Não, agora nunca mais diria, de ninguém neste mundo, que eram isto ou aquilo. Sentia-se muito jovem; e, ao mesmo tempo, indizivelmente velha. Passava como um navalha através de tudo; e ao mesmo tempo ficava de fora, olhando. Tinha a perpétua sensação, enquanto olhava os carros, de estar fora, longe e sozinha no meio do mar; sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fo...sse. Não que se julgasse inteligente, ou muito fora do comum. Nem podia saber como tinha atravessado a vida com os poucos dedos de conhecimento que lhe dera Fraulein Daniels. Não sabia nada; nem línguas, nem história; raramente lia um livro agora, exceto memórias, na cama; mas como a absorvia tudo aquilo, os carros passando; e não diria de Peter, não diria de si mesma: sou isso, sou aquilo." (Mrs Dalloway - Virgínia Woolf)
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