quinta-feira, 6 de maio de 2010





Trabalho na periferia de São Paulo. A empresa onde trabalho fica num imóvel grande, tipo galpão, num bairro da periferia da cidade. Tenho uma sala só pra mim, mais sala que trabalho aliás. Da minha janela vejo uma paisagem que me lembra o Rio de Janeiro. Eu não conheço o Rio de Janeiro, mas se conhecesse sei que esta paisagem me lembraria o Rio.

Tem uma menina que trabalha no administrativo. Já não é nem tão menina assim. Sei pouco dela (e dos outros também) mas sei que já é "mãe de família", que tem um marido doente e que mora na vizinhança.

Hoje na hora do almoço estava eu sem fazer nada, olhando pela minha janela e, eis que vejo ela entrando numa casinha amarela muito próxima daqui...com aquele jeitão de quem está entrando na própria casa, sabe, aquele jeito de entrar e puxar o portão sem olhar para trás? Como se já estivesse acostumada com o portão, com o cachorro, com a escada, com a vida, com o destino.....?

De repente juntei todos os dados que tinha: sua vida difícil com o marido doente, seu salário baixo (não sei quanto ela ganha, mas sei que não é muito), sua casa de fundos (parece que está se segurando no muro)...e sofri por ela e tantas outras iguais a ela.

O tempo passou, o mundo mudou e continuamos trabalhando por comida. Isto é triste!

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