quarta-feira, 30 de maio de 2012

Com Amor...da Idade da Razão


Sonhos de infância traídos? Baús de tesouros secretos enterrados na terra do quintal. Sempre mais seguros. Sonhos soltos por aí podem, tragicamente, tornarem-se frustrações, fardos pesados demais para serem carregados em maletas de notebooks compactos.

Hoje sou uma adulta chata que usa saltos, toma café, usa guarda chupa preto e adora brincar de quem consegue ficar quieto mais tempo. Se sou feliz? Sou. Se poderia ser mais feliz? Talvez.

Os sonhos de infância ficariam mais seguros em caixas forte. Protegidos da responsabilidade. Protegidos de um futuro cinza e com música ambiente.

Uma tábua de mandamentos que deveríamos seguir à risca:

- Nunca ter guarda chuva preto.
- Não ter duas canecas iguais.
- Escrever sempre com lápis de cor.
- Usar sempre batom vermelho com sabor de morango.
- Adotar meias Dancing Days para todas as ocasiões.
- Dançar em frente ao espelho, pelo menos, três vezes ao dia.
- Escova de cabelo é microfone; blusa cacharrel é cabelão.
- Nunca desistir de encontrar o príncipe encantado.
- Ser feliz para sempre, sempre.
- Morar num castelo encantado.
- Usar capa de chuva colorida, mesmo em dias de sol.
- Não deixar de testar o amor eterno nas pétalas das flores.
- Pisar em todas as poças dágua que cruzarem meu caminho.
- Levar todos os sonhos na cestinha da bicicleta.
- Nunca duvidar do poder da bicicleta me levar a outros mundos.
- Não esquecer o mundo que se vê do topo das árvores.

E...o mais importante...não esquecer que, estar perdido, pode ser uma grande aventura.

A partida

Alguns filmes, em alguns momentos de vida, falam com a gente. Falam, gritam ou sussurram...transmitem mensagens tão simples. Muitas vezes mensagens secretas.
Esse é um desses filmes!

terça-feira, 29 de maio de 2012

Complexo de Pornoy


"Era minha mãe que era capaz de fazer qualquer coisa; ela própria tinha de reconhecer que talvez fosse mesmo boa demais. E como um menino com a minha inteligência, com meus poderes de observação, poderia duvidar dessa avaliação? Ela sabia fazer, por exemplo, gelatina com fatias de pêssego suspensas dentro, pêssegos que simplesmente flutuavam, desafiando a lei da gravidade." (Philip Roth - Complexo de Portnoy)
.......
"Eu, por mim, jamais teria chegado perto daquela piscina, nem que me pagassem - é um viveiro de poliomielite e meningite, para não falar em doenças de pele, do couro cabeludo e do cu - ; dizem até que um garoto de Weequahic uma vez pisou no lava-pés entre o vestiário e a piscina e saio do outro lado sem as unhas dos pés. E no entanto é lá que a gente encontra garotas que trepam. Tinha que ser lá, não é? É justo lá que a gente acha o tipo de shikse que Topa Tudo! Assim, é preciso correr o risco de pegar poliomielite na piscina, gangrena no lava-pés, ptomaína no cachorro-quente e elefantíase no sabonete e nas toalhas para talvez conseguir comer alguém" (Phillip Roth - Complexo de POrtnoy)

Paraíso das Cachoeiras


Travada. Não consigo vomitar uma linha se quer a respeito desse momento tão importante da minha vida. Sentimentos e pensamentos tantos e tão variados que é bem possível que esteja tudo entalado na garganta a ponto de me sufocar.

Vivi a vida com os pés fincados no chão a espera de um futuro prometido e planejado que, simplesmente, não aconteceu. Em algum ponto do caminho, em alguma encruzilhada traiçoeira tomei uma decisão errada e me perdi do meu futuro glamouroso.

Hoje, caminhando num parque que não foi feito pra mim, finjo ser quem eu não sou. Muito provavelmente, nunca serei. Deixo que a música dê o rítimo da minha caminhada...bom se pudesse que uma música desse o tom da minha vida e que sobrassem, pra mim, menos decisões a serem tomadas.

"Não há certezas, só oportunidades" ouvi há poucos dias num dos meus filmes prediletos - V de Vingança. Ideais escondidos atrás de uma máscara. Eu sou uma máscara. As pessoas me acham grande demais, eu me acho pequena demais.

Uma vida toda traçando planos a longo prazo, mas vivendo de prazos curtos, de emergências, de situações sem saída. Tão cansada. Tão desanimada. Pode ser apenas um dia ruim, mas eu que sempre fui tão otimista, sempre com mensagens tão otimistas a pessoas tão menos otimistas que eu, hoje desanimo.

Quero me livrar de pesos, de expectativas frustradas, de aventuras instântaneas. Quero um milhão de balões que me leve para viver no Paraíso das Cachoeiras.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Uma despedida feliz!

É sempre mais fácil narrar as histórias depois que elas aconteceram. Mais fácil entender a dinâmica dos fatos, os motivos dos personagens, algumas ações desencontradas passam a fazer sentido após a revelação do grande mistério do final.

Hoje, vivo uma despedida. Quero escrever o texto enquanto a despedida acontece. É uma despedida de um dia inteiro. Uma despedida que começou a cerca de dois meses.

Aos poucos vou me despedindo da mesa azul que suportou meu notebook e tantos dos meus devaneios literários. Despeço-se dos três grandes armários de aço e suas seis imponentes portas. Sempre fechadas, sempre trancadas e sempre me observando. O pequeno arquivo de aço encostadinho tímido no canto da sala. Sempre quieto, quase vazio e também trancado.

Deixo hoje aqui nessa sala ampla de carpete cinza muitas boas lembranças. Aprendizado importante na minha vida. Tolerância, compreensão, paciência e dedicação.

Despeço-me silenciosamente da janela que me fez companhia durante esses anos. Uma janela de paisagem entristecida. Muitas casas, crianças, cachorros e vendedores ambulantes. Sentirei falta de cada janela.

Foi uma época difícil da vida fácil que vive. A mais difícil de todas. Muitas vezes, as paredes brancas da sala solitária, acolheram algumas lágrimas silenciosas minhas e souberam guardar segredo de alguns momentos de desesperança. Tudo fica aqui, guardado. E eu vou....embora.

Parto, agora livre de medos, para o futuro. Que não sei exatamente qual será. Mas sei que será.
Como li há poucos dias num dos meus favoritos filmes..."não há certezas, só oportunidades".


sexta-feira, 11 de maio de 2012

"No fim escolhi os nomes que eu continuava gostando depois de repetir cem vezes. É um teste infalível. Você começa a repetir uma coisa cem vezes e se continuar gostando, é porque é legal. Isso não serve só pros nomes, mas para qualquer coisa, para a comida ou para as pessoas."
(Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos)

terça-feira, 8 de maio de 2012

"- E não te faz falta nada? - perguntei.
- Nada que seja impossível. - Quanto a ti, estás ai molhando a cabeça, acrescentou, acariciando-me como a uma criança, passando-me novamente a mão sobre os cabelos -, inveja as folhas e a erva, porque são molhadas pela chuva, gostaria de ser a erva, a folhagem, a chuva. E eu apenas me alegro com elas, como me alegro com tudo o que é belo, jovem e feliz no mundo.
- E não lamentas nada do que passou? - continuei a perguntar, percebendo em meu coração um sentimento cada vez mais penoso.
Ficou pensativo e tornou-se a calar-se. Vi que procurava responder com toda franqueza.
- Não! - respondeu ele, lacônico."
(Felicidade Conjugal - Tostoi)