"UMA PESSOA COMUM MARAVILHA-SE COM COISAS INCOMUNS;
UM SÁBIO MARAVILHA-SE COM O CORRIQUEIRO."
(Confúcio - SÉC IV AC)
No meio da semana alguém me disse: "vá pelo coração e não pela palavra". Talvez fosse esse o empurrãozinho que faltasse....ouvi o chamado de "João" e cá estou...nesta terra desconhecida ao norte...com gente que fala cantando e sorri o tempo todo.
Quantas vezes o mais louco mostra-se o mais sensato. Talvez razão demais também seja uma forma de loucura...quem sabe? Nas partidas e nas chegadas as pessoas se abraçam e se emocionam. É incrível como a distância geográfica pode mexer com os sentimentos das pessoas.
De um dia para o outro. Sem programa, sem aviso, sem razão...quase sem lenço nem documento!
- Demoliram a casa da esquina?
- Qual?
- Da esquina com a rua da feira.
- Sei.
- Aquela do homem que teve fogo selvagem.
- Teve é?
- Uma vez minha vó me contou. Disse que o irmão dele teve também.
- Aquele que era casado com a mulher que usava peruca ruiva?
- Esse mesmo.
- Tinha duas cadelas idênticas no quintal. Uma chamava Ana Paula.
- Ana Paula é?
- É!
Teias de aranha no triste encontro das paredes.Dobradiças chorando.Cadeados enferrujados e correspondências envelhecidas
espalhadas no quintal.Vasos vazios e plantas mortas de sede.Móveis que dormem sob panos empoeirados.Cheiro de casa de veraneio.A "Casinha" virou quarto de bagunça...arquivo morto.Armário que a gente tem medo de abrir e começar a mexer.Saí pensando que voltava em breve,não deixei placa nem bilhete.Acabei me perdendo entre e mails práticos e extratos
bancários.Visitantes vieram, voltaram...estranharam...um dia deixaram de
bater e não voltaram mais.A pintura da fachada tem ar desbotado.Anceio pelo dia da volta. Quando? Pois é!Vou abrir janelas. Despertar uma poltrona e colocá-la numa
fresta de sol.Com Clarice no colo....vou voltar para a Casinha.Quem sabe coar um café fresquinho?