sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Vinho Tinto

Na sala quase escura, brindo com uma taça de vinho. Vinho tinto que tem mais personalidade. Pode ser Carmenére, Cabernet, Pignonoir, Shiraz ou a nova descoberta, Pinotáge. Que seja gordo...quase licoroso. A rolha vai para o pote, celebrando mais um momento de voluntária solidão. Que me deixe a visão turva para que eu enxergue melhor. Que balance minhas idéias para deixar escapar meu sentimentos, minhas saudades, minhas frustrações.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Condição Humana

Condição Humana
(Linox)

Desculpe!
Mas não posso prometer
Que eu nunca vou te machucar
Porque!
Sob a dura
Condição Humana
Vivemos eu e você
Como sempre foi
Todo dia, um novo dia...
E se eu não for do jeito
Que espera que eu seja
Não veja isso
Como uma coisa ruim
Assim as nossas diferenças
Jamais serão nosso fim...
De repente num belo dia de sol, um dia qualquer da nossa vida, olhamos para o lado e percebemos que a vida não foi a que planejamos. Depois de alguns momentos de surpreza, talvez até decepção...percebemos então que pode não ser a vida que sonhamos, mas é a vida que vivemos. Talvez até melhor que o sonho. Talvez a vida.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

A casinha azul

Hoje o caminho estava cinza. Parecia chuviscar. Chuvisco triste, manso e interminável. Caminho que já vai se tornando antigo. Casinha azul que aos poucos perde a cor, daqui há pouco já será um história, uma foto envelhecida. As salinhas vão ficando vazias. No chão as marcas das móveis que por tanto tempo ocuparam o mesmo local. Poeira antiga sob arquivos. As paredes peladas denunciam marcas de quadros e fotos que já estiveram ali. Lembranças impregnadas em madeira e esquadrias. A velha escada de madeira nobre observa tudo quietinha do seu canto.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Que delícia de rotina!

Dia desses acordei cedinho. Ainda era quase "de noite" como diria Maria. As janelas da sala ainda não têm cortinas (mas as paredes já têm quadros)...numa dessas manhãs, entre bisnaguinha com doce de leite e tito bem quentinho feito "com amor" parei 10 segundos para olhar pela janela. O inverno deixou as árvores peladas e entre os galhos eu vi o Sol nascer...até dá para acreditar que Deus existe.

Silêncio

"As vezes o silêncio tapa os burados
e o amor prossegue intacto..."

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Quero ser Diane Keaton

Quando eu crescer quero ser Diane Keaton.
Quero ter suas rugas em volta dos olhos, tornando-os ternos e tristes.
Diane com seu rosto genialmente inteligente. Sempre uma salada, bem temperada com ironia, aflição e dúvida. Quero ter uma casa em Hampton (seja lá onde isso for). Decorada em branco e azul claro. Sofás cheios de almofadas com estampa de porcelana. Quero ter cachepós prateados cheios de seixos brancos (ecologicamente incorretos). Ser uma dramaturga famosa (quem conhece algum dramaturgo??). Estou no caminho certo. Em "Alguém tem que ceder"´, a personagem "Érica" só dorme 4 horas por dia...eu estou dormindo menos que isso.
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Poetinha

Um grande amor...Vinícius de Moraes! Nem sei de onde nasceu este amor...mas é real.
Quem me conhece, conhece a história:
se eu tivesse um filho, ele se chamaria "Vinícius de Moraes".
Ele morreu quando eu tinha 8 anos e sinceramente não me lembro de seu nome ser cultuado na cozinha da minha simples família que era mais chegada num Zeca Pagodinho.
"...que não seja eterno, posto que é chama...mas que seja infinito enquanto dure..."
Esta frase tão comumente usada para "casos de amor" deveria se estender a tudo:
Cada sentimento. Cada momento.
Cada abraço. Cada amizade.
Cada telefonema. Cada saudade.
As presenças e as ausências. As chegadas e as partidas.
Quero chegar ao céu ao som do piano de Tom
e receber das mãos de Viníciius um grande copo de wisky.
A minha geração terá que se contentar com
Toquinho tirando magistralmente os mais inusitados sons da sua viola.
Minha geração terá que assistir conformada a shows de Toquinho e MPB4...
"o pato pateta pintou o caneco...surrou a galinha...bateu no marreco..." quanta brutalidade. Teremos que rir das repetidas histórias de Vinícius, contadas com irritante intimidade por seu mais famoso discípulo vivo.
Vinícius que casou 9 vezes.
Que não se conformou com o amor de pijamas furados.
Amor que paga conta de gás. Amor de dentadura.
Que cria calos. A intimidade irritante de dividir o mesmo banheiro.
Amor que perde a chama.
Vinícius que buscou a vida toda o amor da poesia.
Vinícius que sofreu separações e buscas e com isso alimentou as mais lindas poesias do mundo.
"...mesmo amor que não compensa, é melhor que a solidão..."